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Einstein não ganhou o prêmio Nobel com a teoria da relatividade

Einstein foi um dos maiores cientistas do século XX. (Foto: Reprodução)

O prêmio Nobel foi instituído no início do século 20 a partir dos planos de Alfred Nobel, um industrial sueco que inventou a dinamite. São cinco os prêmios que homenageiam aqueles que trabalham com física, química, medicina, literatura e paz, e que são considerados como tendo conferido “o maior benefício para a humanidade”. Em 1968, um prêmio de economia foi acrescentado ao rol.

Opiniões à parte, o Prêmio Nobel é muito importante. Na cabeça de muitos, é o máximo dos prêmios. Não poderia haver elogio maior. Como diz a historiadora da ciência Ruth Lewin Sime, “um cientista será lembrado para sempre se estiver nessa lista de ganhadores do Nobel”.

“Uma das coisas que o Nobel faz é conferir uma espécie de imortalidade. Essa é a natureza, a aura que envolve o Prêmio Nobel”, explica. O outro lado da moeda é que sua aura é tão poderosa que pode ofuscar aqueles que não a recebem. “À medida que a história avança, desaparecem gradualmente se estão nas sombras, tornando-se invisíveis.” Por isso, é muito importante que o Prêmio Nobel homenageie a melhor ciência e os melhores cientistas. Mas será que é isso mesmo que acontece?

Durante anos, a lista de pessoas indicadas ao prêmio era do mais alto sigilo. Só se revelava quem era o ganhador. Mas as regras foram relaxadas com o tempo. Pelo menos um pouco. E algumas indicações passaram a ser públicas. “Erros do Nobel? Há vários”, afirma o professor Brian Keating, cosmologista da Universidade da Califórnia em San Diego, destacando uma das vitórias que logo caíram na obsolescência. “Gustaf Dalen, que ganhou o prêmio em 1912 por (seus estudos sobre as propriedades de) faróis e boias.”

Descobrir como fazer com que as luzes a gás de faróis e boias acendessem e apagassem era muito importante quando muitas vidas eram perdidas no mar. Mas (…) se torna insignificante quando se considera o que mais estava acontecendo naquele momento”, afirma Keating. “Ele ganhou (o prêmio) sete ano depois do ano milagroso de Einstein, quando este descobriu a teoria da relatividade”.

Um dos maiores avanços científicos do século 20, que transformou nossa compreensão sobre o Universo, a teoria da relatividade não rendeu um Nobel a Albert Einstein. “Sem dúvida alguma houve preconceito contra ele e sua teoria”, declara Robert Mark Friedman, professor de história da ciência da Universidade de Oslo, na Noruega. “Era judeu, socialista, internacionalista e pacifista.”

Friedman estudou os arquivos do Nobel para tentar entender a decisão e diz que é simplesmente impossível que Albert Einstein tenha recebido uma avaliação justa e imparcial, apesar do fato de que muitos dos principais físicos internacionais indicaram-no ao prêmio pela teoria da relatividade.

“Eles reiteraram que foi o trabalho mais importante na física desde Isaac Newton, compararam Einstein a Copérnico, insistiram que foi sem dúvida o trabalho mais significativo na física em anos e, portanto, deveria ser considerado para um prêmio.” Mas a opinião dos membros do comitê do prêmio Nobel era bastante diferente.

“As avaliações sobre a relatividade especial e geral são escritas da perspectiva de que Einstein estava errado.” Apesar da crescente fama de Einstein, os membros do comitê se mantiveram firmes. “O que eles disseram publicamente foi que, em última análise, a relatividade não era física. Tratava-se de tempo e espaço, portanto era metafísica. E metafísica é filosofia, e filosofia não é física. Então, como poderiam dar a ele o prêmio de física?”

Albert Einstein receberia finalmente o Prêmio Nobel de Física em 1921, não por sua maior descoberta, mas por um efeito fotoelétrico menos conhecido. Nas décadas mais recentes, o Nobel passou a ser ainda mais criticado não tanto por quem foi excluído, mas por quem incluído.

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