Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de setembro de 2024
Dono de um recall eleitoral de 58 milhões de votos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será usado como trampolim para candidatos espalhados pelo País nas eleições municipais deste ano. Sem apoio oficial ou ligação direta com o ex-chefe do Executivo, 76 pessoas registraram candidatura com o nome Bolsonaro em 21 Estados diferentes, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A estratégia é repetir o feito de aliados e candidatos do grupo político do ex-presidente que se elegeram em pleitos anteriores pela mera associação direta a Bolsonaro. Dos 76 candidatos registrados, 72 concorrerão ao cargo de vereador, dois a vice-prefeito e dois a prefeito por 16 partidos diferentes – mais da metade (40) pelo PL, sigla do ex-mandatário.
O “empréstimo” do sobrenome não está restrito aos postulantes do PL. Os bolsonaristas estão espalhados por Podemos, PRTB, Republicanos, União Brasil, Solidariedade, Republicanos, Mobiliza, Novo, Cidadania, Avante, MDB, PRD, PRTB, Democracia Cristã, Agir e até no PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, proibiu os parlamentares filiados à legenda de prestarem apoio a candidatos de outros partidos nas eleições municipais deste ano. O líder do PL diz em ofício enviado aos integrantes da sigla que identificou “diversas mensagens de apoio sendo gravadas em prol a candidatos de outras agremiações partidárias, o que acaba por gerar desinformação junto ao eleitorado local, além de prejudicar os pré-candidatos do Partido Liberal”.
O líder do PL e o próprio ex-presidente não podem, no entanto, impedir o uso do nome Bolsonaro por candidatos de outros partido. A Lei das Eleições estabelece que podem ser apresentadas três opções de nome, entre prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual o político é mais conhecido na região em que atua.
O nome escolhido não pode “gerar dúvida quanto à identidade do candidato, atentar contra o pudor, “ser ridículo ou irreverente”, de acordo com a legislação. O parágrafo 2º do artigo 12 determina que a Justiça Eleitoral poderá exigir do candidato prova de que é conhecido por determinada opção de nome por ele indicado quando seu uso puder confundir o eleitor.
No Rio de Janeiro, reduto do bolsonarismo, sete candidatos, além de Carlos Bolsonaro (PL), filho “02” do ex-presidente, que disputará o sétimo mandato para a Câmara Municipal, constarão nas urnas com o sobrenome Bolsonaro. É o caso de Vanessa da Silva Oliveira. Ao digitar o número dela, os eleitores vão se deparar com o nome Negona do Bolsonaro.
“Carrego esse nome com amor, orgulho e gratidão. Orgulho em ser aliada do melhor presidente da história do Brasil. Aliada do homem que mostrou as vísceras do sistema. E tenho muito orgulho de ter a confiança dele”, disse.
Entre os candidatos que já registraram a candidatura no TSE, apenas cinco carregam o sobrenome Bolsonaro nos registros de identificação: Renata Cristina Tudesque Bolsonaro (em Jaboticabal, SP), Joseane Bolsonaro (Taiúva, SP), Marcelo Bolsonaro (Itu, SP), Cláudia Bolsonaro (Barretos, SP) e Carlos Bolsonaro (Rio de Janeiro). Todos, com exceção de Carlos, não têm parentesco direto com o ex-presidente.
É o caso de Cláudia Bolsonaro, candidata a vereadora em Barretos. Filiado ao PL, Cláudia é professora de yoga e será candidata pela primeira vez nas eleições deste ano.
“Temos um parente em comum na Itália. O meu bisavô veio de lá e acho que o bisavô dele (Bolsonaro) também. Esse parente em comum, lá da Itália, teve dois filhos. Um se chamava Giovani e outro Agostinho. Um gerou o ramo da família do Bolsonaro e o outro, da minha família. Passei a acompanhar o Bolsonaro antes dele chegar na Presidência da República. Eu nunca tinha me interessado por política. Quando ele ganhou, eu me aprofundei e descobri essa relação”, contou.
Apesar da ligação distante, Cláudia conta foi motivada pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) a se candidatar. Ela explica que foi motivada pelas declarações de Michelle sobre a necessidade da atuação de mulheres na política.
“A minha motivação não foi só por causa das atitudes do presidente Bolsonaro, pelas coisas que ele sempre alertava, mas principalmente pelas palestras e falas da Michele sobre a importância da mulher na política. Sempre escutei a Michele falando que as mulheres precisavam se envolver, têm capacidade de entrar na política. Juntou tanto a Michelle Bolsonaro, alertando as mulheres, quanto o presidente Bolsonaro falando da importância de a gente gostar do nosso País, de amar a nossa Pátria”, disse.