Ícone do site Jornal O Sul

Eleições 2024: lulistas e bolsonaristas terão confrontos diretos em apenas nove das 26 capitais estaduais

A dinâmica revela uma tendência nas estratégias eleitorais das principais legendas brasileiras. (Foto: Reprodução)

Com a chegada das convenções partidárias, iniciadas nesse sábado (20), cumprindo prazo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, se preparam para formalizar seus candidatos nas eleições municipais de outubro. O PT planeja lançar candidatos em 14 capitais, enquanto o PL deve lançar em 15. As duas siglas, no entanto, devem ter confrontos diretos em apenas nove das 26 capitais estaduais.

Diferentemente de outras eleições, o PT decidiu priorizar alianças em vez de lançar candidaturas neste pleito. Historicamente, o partido adota a estratégia de lançar o maior número possível de candidaturas para marcar posição. Porém, para conter o avanço do bolsonarismo nas prefeituras e visando a construir alianças para as eleições de 2026, a sigla abriu mão de lançar candidatos em cidades importantes. Entre elas, está São Paulo, onde apoia o pré-candidato do PSOL, Guilherme Boulos, cuja candidatura foi oficializada, com a presença de Lula.

Já o PL entra na disputa com a meta ambiciosa de eleger 1,5 mil prefeitos. Na última eleição municipal, em 2020, a sigla elegeu 348. O partido aposta no lançamento de candidaturas no maior número possível de cidades, com foco nas eleições de 2026. O cálculo político é que, mesmo se o candidato do PL não for eleito, ele ganhará visibilidade e poderá garantir uma vaga na Câmara ou no Senado no próximo ciclo eleitoral.

A disputa deste ano é vista tanto por petistas quanto por bolsonaristas como um prelúdio para as eleições de 2026, quando os grupos buscarão fortalecer sua representação no Congresso, nos governos estaduais e disputar a Presidência da República.

“Em cidades menores, a competição é mais local, focada em questões como infraestrutura, saúde e serviços básicos. Já em cidades com mais de 100 mil habitantes, a influência das questões nacionais é muito mais pronunciada”, diz a doutora em Ciências Políticas Deysi Cioccari, que completa: “Nas prefeituras com confronto direto entre o PT e o PL, a polarização se intensifica, refletindo o resultado das eleições de 2022 ”.

As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife exemplificam a estratégia do PT. Nessas capitais, o partido optou por não lançar candidatos próprios, apoiando em vez disso postulantes de outros partidos com maiores chances de vencer representantes do bolsonarismo.

Na capital fluminense e na pernambucana, o PT apoia os atuais prefeitos, Eduardo Paes (PSD) e João Campos (PSB), mesmo sem garantir candidatura a vice nas respectivas chapas.

Suplicy e Boulos

Na capital paulista, por outro lado, a legenda conseguiu emplacar Marta Suplicy (PT) na vice de Boulos. Na semana passada, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT) elencou a cidade de São Paulo como uma das três capitais com os principais confrontos diretos entre os projetos de Lula e Bolsonaro.

Outro exemplo é Curitiba, onde o PT, inicialmente com três pré-candidatos, decidiu apoiar o deputado Luciano Ducci (PSB-PR). “Queremos consolidar um campo político progressista pensando também na eleição presidencial de 2026. Se queremos o apoio dos outros partidos, nós também temos de dar apoio”, disse a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

Coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT, o senador Humberto Costa (PE) afirmou que o partido busca obter um resultado melhor do que o de 2022, quando elegeu 183 prefeitos.

Em 2016, o PT conquistou 254 prefeituras, e em 2012, 638. Reverter essa tendência é um dos objetivos deste ano. “Não estabelecemos uma meta numérica. Definir uma meta específica pode ser politicamente desfavorável”, explicou.

Para o analista político e fundador da Dharma Political, Creomar de Souza, a estratégia do PT vem sendo desenvolvida desde 2016. Segundo ele, o partido tem se esforçado para conter danos desde os escândalos da Lava Jato em 2013 e o impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

Até o fim das convenções partidárias, no dia 15 de agosto, o PT deve formalizar candidaturas em capitais como Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Teresina (PI), Fortaleza (CE), Natal (RN), João Pessoa (PB), Maceió (AL), Aracaju (SE), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC). Já o PL deve confirmar candidatos em cidades como o Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG), Vitória (ES), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE e Porto Alegre (RS).

Sair da versão mobile