Terça-feira, 26 de novembro de 2024
Por Dennis Munhoz | 15 de novembro de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Falta menos de um ano para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, parece muito tempo, mas aqui as disputas começam bem antes. O sistema eleitoral norte-americano é bem complexo e nem sempre aquele candidato que obteve a maioria dos votos ganha a Presidência. Cada Estado tem certo número de delegados que recebem o poder para eleger o Presidente. Futuramente, vamos tentar explicar com detalhes esse sistema eleitoral tão peculiar.
Apesar da inflação, o partido do Presidente Joe Biden consegue manter boa aceitação popular, ampliou a liderança no Senado e perdeu o controle da Câmara dos Deputados por poucas cadeiras, porém menos do que administrações anteriores. Praticamente é regra aqui nos Estados Unidos que nas eleições de meio de mandato, o partido do Presidente perca a maioria entre os deputados depois de dois anos da posse. A última derrota foi menor que as anteriores e menor do que a esperada. Tivemos algumas eleições, nos dois últimos meses, e o Partido Democrata conseguiu eleger e aprovar pautas progressistas e liberais. Mas isso indica um mar calmo e céu de brigadeiro para as eleições presidenciais? Não, muito pelo contrário.
Em recentes pesquisas divulgadas pela CNN e New York Times (órgãos declaradamente mais voltados à esquerda e fortes críticos da administração Trump), na intenção de voto, o ex-presidente Donald Trump está à frente de Joe Biden, inclusive em Estados de tendência democrata. O ex-presidente enfrenta vários processos, que vão de fraude fiscal até participação na invasão do Capitólio, em 06 de janeiro de 2021. Tudo isso parece não abalar o eleitorado fiel a ele e, até aí, tudo bem. Mas como será que ele consegue atrair a maioria dos votos pelo País?
Até agora, falamos da boa performance do Partido Democrata e não do atual Presidente Joe Biden. Nesta mesma pesquisa, boa parte dos entrevistados, que votou em Biden em 2020, declarou que não votaria nele na próxima eleição, inclusive negros e hispanos, que deram ampla vantagem ao atual presidente. O principal motivo alegado foi a avançada idade e algumas “gafes” cometidas por ele recentemente. A inflação elevada também colaborou, mas a saúde do atual mandatário e como será a sua capacidade administrativa daqui a 3 ou 4 anos, preocupa seu eleitorado.
Biden está longe de ser unanimidade no Partido Democrata, mas será que ainda dá tempo de trabalhar outra candidatura? Seria fato inédito na política norte-americana um presidente no exercício do mandato não concorrer a reeleição. O receio dos democratas é entregar a próxima eleição de bandeja para Donald Trump.
Cabe a seguinte indagação: apostar forte em Biden ou promover, mesmo que sem muita antecedência, a indicação de um novo nome que consiga mobilizar o partido e a opinião pública.
Estas últimas eleições e pesquisas provam a saúde do Partido Democrata e a fragilidade do atual presidente, que também será bombardeado com eventual pedido de impeachment pelos supostos envolvimentos com os negócios escusos de seu filho, Hunter Biden. Até agora, o Partido Democrata não conseguiu tirar da cartola aquele nome que arrancaria suspiros dos eleitores.
Do outro lado, temos Donald Trump que parece inabalável com os processos judiciais, liderando com ampla vantagem as prévias do Partido Republicano e ignorando totalmente os debates internos de seu partido. Ele não compareceu a nenhum e declarou que não irá. Seus adversários dentro do partido não conseguem decolar e alguns já abandonaram a corrida. Seu principal concorrente, e ex-aliado, o governador da Flórida Ron DeSantis vai perdendo o fôlego e começa sentir as dificuldades em enfrentar adversário de peso.
Biden venceu a última eleição com pequena folga e devido à fidelidade dos eleitores democratas que se mobilizaram para derrotar Trump. Mas o atual cenário é muito diferente e a fidelidade dos eleitores de Trump parece muito maior, enquanto a rejeição no Partido Republicano tem diminuído sensivelmente.
Muita coisa ainda pode acontecer nos próximos doze meses, inclusive, o andamento do processo que pode condenar o ex-presidente pela participação ou omissão em eventos relativos à invasão do Capitólio, em 2021. Este é o único processo que tira o sono de Trump. Pela Constituição e leis norte-americanas, mesmo que ele seja condenado nos demais processos, não ficaria inelegível ou impedido de assumir. Todavia, caso seja condenado no processo da invasão do Capitólio, poderá ser enquadrado como atentado ou insurgência contra o Estado, conforme avaliam alguns especialistas. Nesta hipótese, que parece muito remota, Trump não poderia concorrer ou assumir o cargo.
Dennis Munhoz – advogado, jornalista e correspondente internacional da Rede Mundial e da Rádio Pampa.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.