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Política Eleições 2024: PT publica cartilha para orientar candidatos em diálogo com evangélicos

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"O deputado foi lá e fez uma declaração dizendo que não votou em mim, mas que reconhece que tudo para os evangélicos foi feito por mim", disse Lula. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A Fundação Perseu Abramo, braço teórico do PT, elaborou uma cartilha para orientar o diálogo de candidatos do partido com evangélicos na eleição municipal deste ano. O partido enfrenta nos últimos anos dificuldades para se conectar com esse segmento. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também não obteve até agora sucesso em iniciativas voltadas para esse público, que fez uma avaliação pior da gestão petista do que a média da população.

O material de nove páginas, com citações de várias passagens bíblicas, destaca que não deve haver exagero em falar o nome de Deus. A cartilha tenta aproximar o partido dos evangélicos ao optar por um texto na primeira pessoa do plural. “Nós, os evangélicos, somos parte da grande diversidade brasileira e, assim, também somos plurais entre nós mesmos, tanto no que diz respeito à fé (baseada na livre leitura e interpretação da Bíblia), quanto às nossas preferências políticas”, afirma.

O texto diz que os membros das igrejas evangélicas “participaram de vários momentos marcantes do país, inclusive da fundação do Partido dos Trabalhadores, que atualmente possui um núcleo evangélico atuante na maioria dos estados do país.” Também destaca que “politicamente, um dos principais elementos de união entre os evangélicos, é a defesa da liberdade religiosa”. O texto recomenda lembrar que o PT criou, durante os governos anteriores de Lula, a Lei da Liberdade Religiosa e o Dia do Evangélico.

A cartilha tem o objetivo de “apoiar o diálogo com os evangélicos, trazendo alguns conhecimentos sobre a nossa visão de mundo e sugestões de abordagens”.

Na lista sobre o que fazer, o documento fala em “valorizar a família”. Enfatiza que muitas das famílias do Brasil são lideradas por “mulheres negras e evangélicos de periferia, que colocam o bem-estar de seus filhos como um objetivo central de suas vidas”. “A família é um eixo central da narrativa bíblica”, destaca a cartilha. O texto elaborado pelo PT também acrescenta que “respeitar os pais e educar os filhos está no centro do livro sagrado para os cristãos”.

Na sequência, o cartilha diz “por isso, a família é considerada um bom caminho para acessar o coração dos evangélicos”. Em linha com uma tese defendida por Lula desde a campanha de 2022, o material sugere que melhorias das condições de vida da população em geral beneficiam a família evangélica. “Pode favorecer o diálogo enfatizar que as políticas públicas contribuem para fortalecê-la e dar-lhe dignidade, ao garantir alimentação, moradia, trabalho decente (inclusive com a valorização do salário mínimo) e oportunidade de descanso, lazer e entretenimento. Ou como diz a Bíblia, vida plena, em abundância”, orienta.

Ao longo da cartilha, foram publicadas imagens do presidente Lula, ora em um evento com evangélicos, ora em uma reunião no Palácio do Planalto onde é possível ver uma escultura de Cristo pregada na parede. O texto destaca que os evangélicos valorizam a verdade e pede cuidado para desmentir informações. “Ao desmentir uma desinformação, deve-se saber pontuar o que está incorreto, principalmente quando se trata de conteúdo baseado em fatos que realmente ocorreram”.

Também recomenda que os evangélicos sejam considerados nas abordagens sobre diversidade porque “a religião é um dos elementos que compõem a cultura do nosso povo”. Em outro ponto, orienta que seja feita a defesa dos diretos humanos. Os petistas argumentam que a Declaração Universal dos Direitos Humanos teve o seu texto inspirado na Bíblia. “O próprio Jesus da uma série de exemplos de como tratar com humanidade e dignidade as pessoas que são diferentes dele, seja em questão de género, nacionalidade, cultura, condição social ou formação. Além disso, diz claramente que espera dos seus seguidores o amor ao próximo e as ações de caridade junto a crianças, viúvas e pessoas necessitadas”. A cartilha diz que “essa visão se alinha às propostas do PT, que buscam trazer dignidade e acolhimento a todas as pessoas, e é interessante ressaltar os direitos humanos como um elo em comum com os evangélicos”.

Entre o que é recomendado não fazer, o texto petista fala em “não exagerar ao falar no nome de Deus”. “Não tomar o nome de Deus em vão é um dos Dez Mandamentos conhecidos por todos os cristãos, que motiva a recomendação para não ficar citando Deus a cada momento”, afirma a cartilha.

Segundo os petistas, quem não tem conhecimento deve evitar citar a Bíblia. “Para quem não acredita, o melhor é não falar sobre isso e não tentar citar a Bíblia sem a conhecer, sob risco de prejudicar sua credibilidade e criar resistências. Lembre-se: só mencione Deus se sua fala for efetivamente sobre ele.”

Os petistas também recomendam não associar críticas a pastores e crentes à sua fé; não tratar os evangélicos como se fossem todos iguais; não tratar todo evangélico como fundamentalista; e não rejeitar possibilidades de compreender o mundo a partir de interpretações bíblicas.

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