O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em uma entrevista divulgada nessa quarta-feira (17) que reconsideraria sua permanência na corrida presidencial se um médico o informasse diretamente que tem uma condição médica que o obrigasse a isso – horas depois, o líder americano teve de cancelar atos de campanha após a confirmação de que contraiu covid-19. A declaração foi feita no mesmo dia em que o Comitê Nacional Democrata (DNC, na sigla em inglês) adiou os planos de confirmar a candidatura de Biden em uma chamada virtual para o início de agosto, antes da convenção do partido em Chicago.
Desde seu desempenho desastroso no debate da CNN, no último dia 27, o líder americano sofre questionamentos sobre sua saúde e acuidade para seguir na disputa. Nesta quarta, o deputado Adam Schiff, que concorre ao Senado pela Califórnia, pediu que Biden “passe o bastão”, tornando-se o democrata de maior peso até agora a unir-se ao coro de quase 20 congressistas e alguns doadores que defendem a desistência.
Ao Los Angeles Times, Schiff aconselhou o presidente de 81 anos a “garantir seu legado” permitindo aos democratas apoiar outro candidato, manifestando que há preocupação no partido com a saúde e lucidez do mandatário. O deputado afirmou que Biden foi “um dos presidentes mais consistentes da História”, mas duvidou se ele conseguiria derrotar Donald Trump, oficializado na segunda-feira como candidato republicano durante a convenção do partido em Milwakee, em Wisconsin. Quase dois terços dos democratas querem que Biden desista da disputa, segundo uma pesquisa divulgada nesta quarta pelo Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos da agência de notícias Associated Press-NORC.
Biden, porém, mostra-se obstinado. Ao ser questionado pelo jornalista da BET News se havia algo que o faria reavaliar sua permanência na corrida, respondeu: “[Só] Se surgisse alguma condição médica, se alguém, se os médicos viessem até mim e dissessem ‘você tem esse e aquele problema’.”
Em fevereiro, Biden foi descrito pelo médico da Casa Branca Kevi O’Connor como um “homem saudável” e que “continua apto para executar com sucesso os deveres da Presidência”. Registros oficiais de visitantes da Casa Branca divulgados neste mês mostraram que um especialista em doença de Parkinson do Centro Médico Militar Nacional Walter Reed visitou a Casa Branca oito vezes em oito meses, incluindo pelo menos uma vez para uma reunião com o médico de Biden. A Casa Branca, contudo, nega que o presidente esteja em tratamento para a doença.
A declaração à rede BET News é a mais recente de uma variação das condições impostas pelo presidente para reconsiderar sua participação na disputa, apesar da pressão para sua desistência. À rede ABC News, Biden afirmou que poderia desistir “se Deus Todo Poderoso” pedisse diretamente a ele para, dias depois, em entrevista coletiva em Washington, dizer que deixaria a corrida apenas se seus assessores viessem até ele com provas de que não poderia vencer.
No início deste mês, um aliado de Biden afirmou ao jornal The New York Times que o presidente confessou estar ciente de que não conseguiria salvar sua candidatura caso não conseguisse convencer o público de que estava apto para o cargo. Ainda assim, tal qual na entrevista que foi ao ar nesta quarta, o presidente tem descartado publicamente desistir, insistindo que é a pessoa “mais qualificada” para vencer Trump.
Nessa quarta, o DNC anunciou que os delegados que farão a nomeação de Biden por meio de uma chamada nominal virtual não começarão a votar antes de 1º de agosto. O adiamento visa acomodar os democratas que protestaram contra o plano de fazer a votação já na próxima segunda-feira. Ainda assim, as autoridades pretendem concluir o processo até 7 de agosto. As informações são do jornal O Globo.