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Eleições nos EUA: Kamala Harris ganha força e sobe nas pesquisas; Trump aproveita a queda dos mercados para atacar a adversária

A atual vice-presidente e o ex-presidente republicano nunca se encontraram pessoalmente. (Foto: Reprodução)

Desde que assumiu o lugar de Joe Biden como candidata pelo partido Democrata às eleições dos Estados Unidos, Kamala Harris tem conseguido diminuir a distância com Donald Trump em todas as principais pesquisas de intenção de votos. Se antes o cenário era de uma vitória quase certa de Trump sobre Biden, agora o resultado é cada vez mais incerto e há sondagens que indicam vantagens da democrata que, por enquanto, vive uma “lua de mel” com seus potenciais eleitores.

Segundo o site Real Clear Polling, que reúne e tira a média de dez pesquisadoras americanas, Kamala tem hoje 47% contra 46,8% de Trump, uma vantagem de 0,2% percentuais. Até então, apenas Trump despontava na frente, chegando a marcar 3,3 pontos a mais que Biden em 5 de julho, dias depois do debate que enterrou as chances do democrata.

E outro agregador, o site Thirty Five Eight, Kamala aparece com 45,1% contra 43,4% de Trump, uma vantagem de 1,7 pontos percentuais.

“Já estava claro nas pesquisas que havia uma parcela significativa do eleitorado que era double haters, que não estava satisfeito com nenhum dos dois candidatos”, explica o professor associado do Berea College do Kentucky, Carlos Gustavo Poggio.

“Havia uma diferença muito grande de entusiasmo entre a campanha republicana e a campanha democrata. Os democratas não estavam entusiasmados com o Joe Biden, isso mudou com a substituição pela Kamala Harris. As pesquisas indicam que agora as democratas estão ainda mais entusiasmados que os republicanos estão com o Donald Trump, então isso mexeu bastante com a base”, continua.

Nos Estados-pêndulo, Kamala também dá indícios de reversão de tendência.

Segundo levantamento da Bloomberg News/Morning Consult publicado em 30 de julho, sobre a média dos principais Estados decisivos, Kamala aparece com 48% contra 47% de Trump. No Arizona a democrata tem 49% contra 47% do republicano. No Michigan ela lidera com 53% contra 42% de Trump. A democrata também aparece à frente em Nevada e Wisconsin.

Já Trump lidera na Pensilvânia com 50% contra 46% de Kamala, e na Carolina do Norte com 48% contra 46% da democrata. Com isso, novamente o Estado-chave para as eleições deste ano pode ser a Geórgia, onde ambos aparecem empatados com 50%. Em 2020, a Geórgia selou a vitória de Biden contra o republicano.

Trump ataca

A última segunda (5) foi apelidada de “segunda-feira sangrenta” não por acaso. O mercado norte-americano encerrou o dia em queda, sobretudo, por um temor de uma recessão nos Estados Unidos. No país, os índices Dow Jones (-2,60%), S&P 500 (-3,00%) e Nasdaq (-3,38%) registraram um recuo expressivo. As maiores Bolsas europeias também refletem o impacto: destaque para os principais índices da Espanha (-2,34%), Itália (-2,27%) e Reino Unido (-2,04%), que fecharam em queda. Donald Trump não esperou pelo sino de abertura antes de culpar a vice-presidente Kamala Harris pela liquidação dos mercados.

“Os mercados de ações estão caindo, os números do relatório de empregos estão terríveis, estamos caminhando para a Terceira Guerra Mundial e temos dois dos ‘líderes’ mais incompetentes da história”, escreveu o ex-presidente e candidato presidencial republicano em uma publicação no Truth Social às 8h12, horário do leste dos Estados Unidos. “Isso não é bom.”

Às 9h45 da manhã de segunda-feira, menos de uma hora após a abertura dos mercados dos EUA, Trump rotulou o que se tornaria um declínio de 3% no dia no índice S&P 500 como “Crash da Kamala”.

Na hora do almoço, esta era uma mensagem oficial do partido: o Comitê Nacional Republicano exaltou o “Grande Crash da Kamala de 2024″, e a campanha de Trump produziu e fez circular nas redes sociais um vídeo vinculando a vice-presidente à queda de segunda feira nos mercados. À tarde, as forças de Trump transformaram o “KamalaCrash” em um assunto entre os principais tópicos no X.

Trump quer que os eleitores acreditem que a economia está à beira da catástrofe, e que Harris e o presidente Joe Biden são os culpados. No entanto, o ex-presidente americano não mencionou que os mercados sofreram perdas muito maiores em um único dia quando ele era presidente, ou que os economistas culparam uma variedade de fatores pela queda de segunda, incluindo um relatório de empregos decepcionante em julho, uma queda nos mercados japoneses no início do dia e o crescente consenso entre os investidores de que o Federal Reserve esperou demais para começar a cortar as taxas de juros.

A equipe de Trump acha que, com o tempo, eventos externos como uma queda no mercado de ações e um conflito potencialmente crescente no Oriente Médio darão a eles munição adicional para definir Harris da maneira que esperam: como fraca, incompetente e “perigosamente liberal”.

 

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