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Mundo Eleições nos EUA: na reta final da campanha presidencial, Donald Trump sustenta que imigrantes, em especial negros e latinos, roubam empregos dos americanos

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Trump assumirá o cargo em cerimônia marcada para o dia 20 de janeiro do próximo ano. (Foto: Reprodução)

Faltando poucos dias para a eleição presidencial, o republicano Donald Trump sustenta que imigrantes, em especial negros e latinos, roubam empregos dos americanos. “Temos um desastre econômico nas mãos”, disse o republicano, durante o Economic Club of New York. “100% dos empregos criados neste governo (de Joe Biden e Kamala Harris) foram para imigrantes ilegais.”

A alegação é falsa. Os estrangeiros correspondem a menos de 20% da força de trabalho nos EUA. Ainda assim, os americanos se mostram cada vez mais conservadores quando o assunto é a fronteira. Um terço concorda que os imigrantes estão invadindo os EUA. E a metade é favorável à deportação dos que entraram ilegalmente, segundo pesquisa publicada este mês pelo Public Religion Research Institute.

O plano de Trump de deportação em massa, contudo, traria impactos sociais e econômicos para um país que precisa de mão de obra. A taxa de desemprego está em 4,1%, mas a conta não fecha. São 8 milhões de vagas abertas para 6,8 milhões de pessoas em busca de emprego, segundo a Câmara de Comércio dos EUA.

“A economia dos EUA é capaz de absorver e se beneficiar da imigração, mesmo no caso dos menos escolarizados, porque tem necessidade de trabalhadores”, afirma o economista Giovanni Peri, diretor do Centro de Migração Global na Universidade da Califórnia, em Davis. Ele destaca que “ninguém quer um caos na fronteira”, mas defende uma abordagem pragmática, com número de vistos pensado para atender às necessidades do mercado e permitir que essa mão de obra entre legalmente. Peri reconhece, porém, que a teoria está cada vez mais longe de ser aplicada na prática, à medida que a disputa ideológica domina a pauta migratória.

Segundo o economista, os benefícios superam o impacto fiscal, considerando que os imigrantes pagam mais impostos do que recebem em serviços públicos, como a educação dos filhos, por exemplo. “Essas crianças precisarão de escolas, mas serão contribuintes no longo prazo e precisaremos dessa geração jovem no mercado de trabalho”, afirma, em referência ao envelhecimento da população americana.

Crescimento

No longo prazo, a expectativa é a de que a imigração impulsione a economia americana. Essa foi a conclusão do Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), que produz análises independentes para dar suporte aos legisladores.

A projeção aponta que o aumento do fluxo na fronteira deve resultar no acréscimo de US$ 9 trilhões ao PIB em uma década. No mesmo período, a tendência é que a imigração leve à redução de U$S 990 bilhões no déficit e eleve a arrecadação do governo em U$S 1,2 trilhão.

Esses números são explicados, afirma o relatório, pela chegada de mais trabalhadores, que terão impostos descontados na folha de pagamento. “A imigração é motor de crescimento econômico e não tira oportunidades dos americanos, mas sim cria mais oportunidades para eles”, disse Peri.

Ele argumenta que os EUA têm recebido muitos imigrantes com ensino superior. Os mais escolarizados, afirma Peri, alavancam o crescimento de setores como o Vale do Silício e a indústria da saúde. Além de pagar impostos, eles contribuem para a economia abrindo os próprios negócios.

Investimentos

Os imigrantes responderam por 25% das novas empresas empregadoras, com peso destacado na indústria de alta tecnologia, segundo dados do National Bureau of Economic Research. As quatro companhias privadas mais valiosas do país – SpaceX, Stripe, Instacart, Databricks – foram fundadas por estrangeiros. Elon Musk, dono da SpaceX, é sul-africano.

Em podcast com investidores do Vale do Silício, Trump chegou a prometer que os graduados em universidades americanas receberiam o green card automaticamente, como parte do diploma, ao ser questionado se as empresas teriam mais capacidade de importar os “melhores e mais brilhantes do mundo”.

Na sequência, sua campanha fez a ressalva que o programa se limitaria aos “mais qualificados, que podem fazer contribuições mais significativas” – e haveria um veto a “comunistas, radicais islâmicos, apoiadores do Hamas e todos os que odeiam os EUA”, sem dar detalhes de como isso funcionaria.

A proposta foi criticada pelos democratas, que relembraram o histórico anti-imigração de Trump. Na mesma entrevista em que ele defendeu a permanência dos mais graduados, o ex-presidente insistiu na tese de que os EUA são alvo de uma “invasão” de imigrantes criminosos, embora o número de travessias na fronteira tenha caído 68%, se comparado com o mesmo período de 2023.

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