Donald Trump está apostando todo o seu futuro político em uma única cartada nas eleições de 5 de novembro. O ex-presidente e candidato republicano de 78 anos garantiu que, se perder para Kamala Harris, não concorrerá novamente nas próximas eleições, em 2028. Ele já é o candidato mais velho a concorrer à Presidência dos EUA, mas essa será sua última chance. Trump fez a declaração durante uma entrevista com a jornalista Sharyl Attkisson no domingo.
Quase ao final da entrevista, realizada em Mar-a-Lago, a mansão de Trump em Palm Beach, na Flórida, a jornalista perguntou ao ex-presidente: “E se você não for bem-sucedido desta vez, você se vê concorrendo novamente em quatro anos?” Trump respondeu: “Não, eu não me vejo. Não, não me vejo. Acho que vai ser assim, vai ser assim. Não vejo isso de forma alguma. Espero que sejamos bem-sucedidos”.
Já é incomum que um candidato derrotado nas urnas concorra a uma nova eleição, especialmente tendo sido presidente anteriormente. O único precedente de um presidente com dois mandatos não consecutivos é Grover Cleveland, que venceu as eleições em 1884 e 1892. Outros candidatos tentaram novamente depois de serem derrotados, incluindo Richard Nixon, que perdeu para John F. Kennedy em 1960, mas venceu Hubert Humphrey em 1968 e George McGovern em 1972.
Trump é o primeiro candidato desde Nixon a encabeçar uma chapa de um grande partido pela terceira vez, embora, como ele mesmo admite, não haverá uma quarta, quer ele vença (uma emenda constitucional estabelece um máximo de dois mandatos) ou não.
O ex-presidente continua a manter a farsa de que sua derrota em 2020 para Joe Biden ocorreu devido a uma fraude eleitoral generalizada. Ele foi indiciado por suas tentativas de fraudar a eleição, embora atribua isso à perseguição política e se apresente como um mártir. O ex-presidente não se comprometeu a reconhecer os resultados em 5 de novembro, a menos que eles lhe garantam a vitória.
Disputa acirrada
Trump lançou sua primeira candidatura à reeleição para as eleições de 2020 no mesmo dia de sua posse em 2017 e anunciou sua última candidatura à Casa Branca há dois anos, em novembro de 2022, logo após os resultados das eleições legislativas que foram decepcionantes para os republicanos. O ex-presidente ocupou a cadeira, as bases o apoiaram, e os candidatos alternativos, como Ron DeSantis e Nikki Haley, foram derrotados com folga.
O ex-presidente agora enfrenta uma disputa acirrada contra a candidata democrata, a vice-presidente Kamala Harris. Embora Kamala tenha obtido alguma vantagem nas pesquisas nacionais, a batalha está ombro a ombro nos estados-pêndulo, onde nenhum partido político tem vantagem significativa sobre outro nas eleições, ou seja, que farão pender a balança no Colégio Eleitoral, que elege o presidente.
Trump também está fazendo manobras para dificultar a vida de sua rival. O magnata está pressionando os republicanos de Nebraska a mudar a lei eleitoral estadual, que faria com que esse estado, de maioria republicana, conceda todos os seus votos do Colégio Eleitoral ao vencedor no estado como um todo.
Hoje, o Nebraska dá dois votos ao vencedor em todo o estado e os outros três aos vencedores em cada um dos três distritos em que seu território é dividido para as eleições da Câmara dos Deputados. Com essa divisão, Trump ganhou quatro votos no Colégio Eleitoral em 2020 e Biden um. Esse voto não era significativo na época, mas poderia ser agora (já que, dos cincos, um pode ser decisivo para os democratas).
Perspectivas
Se Kamala vencer nos estados decisivos que os democratas chamam de Muralha azul, que votam normalmente nos democratas desde a década 1980 (com exceção de Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, os três nos quais ela parece ter uma ligeira vantagem), e perder nos outros quatro estados-pêndulo (Carolina do Norte, Geórgia, Nevada e Arizona), a vice venceria por 270 votos a 268, mas isso contando com o voto de Omaha, o distrito democrata de Nebraska.
Se os republicanos retirarem esse voto por meio da reforma eleitoral, haverá um empate de 269, e nesse caso o presidente será eleito pela Câmara dos Deputados e o vice-presidente, pelo Senado. Na Câmara, cada delegação estadual teria apenas um voto, o que favoreceria Trump, que, nesse cenário, seria o provável vencedor.