Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Tito Guarniere | 11 de outubro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Fui votar às 11:15 horas na escola do bairro João Paulo, em Florianópolis. Em menos de cinco minutos já tinha votado. Tudo limpo, rápido, organizado. As urnas eletrônicas, tão mal faladas por uma direita desonesta, desde que foram implementadas no ano de 1996, foram motivo de orgulho para nós brasileiros – um exemplo para o mundo.
Lá estava o presidente da mesa, os outros mesários, cumprindo com diligência e exação as suas tarefas, orientando a pequena fila, prestando informações, enquanto os eleitores – alguns deles acompanhados de crianças – se dirigiam para a cabine de voto. Nenhum sinal de estresse, dever cívico sendo cumprido em clima de paz e harmonia.
Nunca entendi porque os detratores da urna eletrônico empreenderam a campanha sórdida de colocá-las em dúvida. Tem gente que diz que a explicação era a intenção golpista de Bolsonaro – ao menos faz algum sentido. Para tanto, como é comum nas investidas autoritárias, era preciso inventar pretextos. E assim, durante quatro longos anos, criaram toda sorte de argumentos para desmoralizar o sistema de votação, contaminando-o com a suspeita de fraude.
O fato é que Bolsonaro foi o primeiro ator de um pleito eleitoral, em todos os tempos e lugares, que mesmo vencendo a eleição, saiu dizendo que houve fraude, que o resultado foi manipulado. Embora a pregação falaciosa ainda prevaleça em certos sítios e ambientes da direita, arrefeceu e perdeu fôlego.
De toda a maneira, mais uma vez se realizaram eleições no país, desta vez para prefeitos e vereadores. Os poucos incidentes se deram fora das cabines, não diziam respeito aos equipamentos ou a possíveis desvios de votos. Assim, quase em tempo real, os concidadãos de quase seis mil comunas brasileiras souberam quem venceu a eleição, quem vai para o segundo turno, quem comporá a futura Câmara de Vereadores.
Como em todas as eleições desde 1996, não haverá nenhuma reclamação séria de desvio de votos, de fraudes, ou de uma irregularidade qualquer. Na verdade, como todos andam dizendo que a direita saiu fortalecida e foi a grande vitoriosa, talvez venham a desconfiar de que não pega bem dizer que as urnas não “não são auditáveis”, não são confiáveis.
Quanto ao resultado das eleições, o grande perdedor foi Pablo Marçal. Estava com um pé no segundo turno, no maior colégio eleitoral do país, SP. Mas fiel à sua natureza, dobrou a aposta, e na véspera das eleições inventou um laudo médico afirmando que Guilherme Boulos fora atendido em uma clínica paulistana em “surto psicótico”, por uso de cocaína.
Que formidável tiro no pé! Só nos sites ensandecidos da direita ainda tentaram justificar a farsa, e com a maior cara de pau, conferir autenticidade ao laudo. Ficou claro que se tratava de um truque vulgar, mal ajambrado, que só poderia ser concebido por mentes – estas sim – psicóticas, e por pessoas nas quais caráter, honestidade e escrúpulos são escassos.
A cafajestagem, o cálculo mal feito, a inconsequência infantil, deu errado. Deve ter perdido alguns milhares de votos, que lhe faltaram para ir ao segundo turno.
E tem gente que diz que Marçal é “inteligente”, um “fenômeno”.
(titoguarniere@terra.com.br)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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