Terça-feira, 12 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de setembro de 2024
O dono do X, Elon Musk, criou um perfil na rede social para divulgar decisões sigilosas do Supremo Tribunal Federal envolvendo bloqueios de conteúdos e de perfis na rede. A página foi batizada de “Alexandre Files”, em referência ao ministro Alexandre de Moraes, que na última sexta (30) bloqueou o X em todo o Brasil após a plataforma se recusar a cumprir decisões judiciais e de indicar um representante legal da empresa no País.
Em uma das publicações, o perfil afirma que irá lançar “luz sobre os abusos cometidos por Alexandre em face da lei brasileira”. Em outra, dá como exemplo de “violação frontal da lei brasileira” a decisão que determinou o bloqueio do senador Marcos do Val (Podemos-ES).
O senador foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) em 2023 na esteira das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por bolsonaristas.
No sábado (31), o bilionário fez mais uma publicação em seu perfil no X (antigo Twitter) chamando o ministro do Supremo de “falso juiz” e acusando-o de interferir nas eleições presidenciais de 2022 no País, sem apresentar nenhuma prova.
Na postagem na rede social, da qual é dono e que segue suspensa no Brasil por determinação de Moraes, Musk afirma que funcionários do Twitter “parecem ter sido cúmplices” na suposta interferência do ministro. O bilionário, que desde abril trava um embate e tenta se esquivar de cumprir determinações da Justiça brasileira, pede para que “qualquer pessoa com exemplos ou evidências” responda à postagem dele.
“Há evidências crescentes de que o falso juiz @Alexandre se envolveu em séria, repetida e deliberada interferência eleitoral nas últimas eleições presidenciais do Brasil. Pela lei brasileira, isso significaria até 20 anos de prisão. E lamento dizer que parece que alguns ex-funcionários do Twitter foram cúmplices. Qualquer pessoa com exemplos ou evidências nesse sentido, responda a esta postagem”, escreveu o bilionário.
Suspensão do X
Alexandre determinou na sexta-feira a “imediata, completa e integral” suspensão do funcionamento do X em todo o território nacional, até que todas as ordens judiciais proferidas pelo STF sejam cumpridas.
A medida ocorreu depois de a rede de Elon Musk fechar as portas no Brasil. Sem representante no país, o X deixou de cumprir decisões judiciais. Antes disso, já estava sem cumprir.
O X já acumula cerca de R$ 18 milhões em multas por descumprimento de decisões do Supremo. Na quarta (28), Alexandre mandou a rede indicar um novo representante, sob pena de suspensão. Como a ordem não foi cumprida, o ministro bloqueou a rede.
Elon Musk demitiu todos os empregados brasileiros da empresa no último dia 17 e anunciou que a rede vai “encerrar as operações” no País. O X culpou decisões de Alexandre que determinaram a retirada do ar de conteúdos e de perfis.
Repercussão
O caso repercutiu fora do País. O jornal The New York Times destacou o assunto e afirmou ao longo da reportagem que Musk ” encontrou um desafio formidável no juiz Moraes”, além de mencionar outros conflitos que bilionário trava na Justiça de outros países.
O Washington Post seguiu na mesma linha. O jornal trouxe que “Musk está arriscando um dos maiores mercados do X para defender Jair Bolsonaro e seus apoiadores, que começaram a divulgar falsas narrativas de fraude eleitoral antes da candidatura do presidente de direita à reeleição em 2022”.
Na França, o jornal Le Monde classificou a decisão de Moraes como “arriscada”, mas “previsível”. O The Guardian reforçou que o bloqueio é consequência direta do descumprimento da ordem judicial e que “Musk está fora de controle”.