Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2024
Um vídeo que circula no TikTok mostra o empresário de Elon Musk discursando em um evento. O áudio, em português, supostamente uma dublagem do que foi dito por Musk, indica que o ele estaria parando sua apresentação para comentar o desbloqueio do X no Brasil, alegando que “foi um jogo sujo”, e que “o medo deles [autoridades brasileiras] era outro”, era “o poder de vocês, o poder de falar sem filtros, sem amarras” e que havia sido uma “guerra”.
O vídeo utilizado pelo autor da postagem foi feito durante a participação de Musk no “2024 Annual Stockholder Meeting”, um encontro anual da Tesla realizado em Austin, no Texas, no dia 13 de junho de 2024, dois meses e quatro dias antes do X fechar o escritório no Brasil após decisões do judiciário brasileiro. O conteúdo da dublagem é inventado, e não tem relação com a fala de Musk na ocasião.
Segundo a dublagem, Musk teria dito que tentaram de tudo para derrubar a plataforma por meio de “bloqueios, acusações, pressão de todo lado”. Teria, ainda, prometido seguir na luta para evitar que “eles” continuem “tentando controlar o que você fala”. Além de ter ocorrido antes do bloqueio do X no Brasil – e, consequentemente, antes da liberação da plataforma –, o tema não foi pauta do discurso do empresário durante o evento de junho.
Observa-se também que, para dificultar a identificação de onde foi feita a fala, o autor da postagem “espelhou” o vídeo, de forma que o letreiro que aparece atrás de Musk não pode ser lido facilmente.
Até o momento, Elon Musk ainda não se pronunciou oficialmente sobre o desbloqueio da rede social no Brasil, que ocorreu em 8 de outubro. Um perfil oficial da plataforma emitiu um comunicado afirmando que o “X tem orgulho de estar de volta ao Brasil” e que continuará a “defender a liberdade de expressão, dentro dos limites da lei”.
No dia 29 de agosto deste ano, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão imediata e completa do funcionamento do X (antigo Twitter) no Brasil. Antes da suspensão, a empresa anunciou o fechamento de seu escritório no Brasil em 17 de agosto, em protesto contra as decisões do ministro do STF.
A decisão pela suspensão da plataforma ocorreu por descumprimento de ordem judicial emitida pela Suprema Corte, que exigia a nomeação de um novo representante legal da empresa no País. Na ocasião, o STF notificou a empresa diretamente pela plataforma X. A empresa, no entanto, não cumpriu a ordem no período estipulado.
De acordo com o Supremo, a ausência de um representante legal no Brasil dificultou o cumprimento de ordens judiciais, como a remoção de conteúdos considerados ilegais. Ao determinar a suspensão imediata do X, Moraes solicitou diretrizes às empresas Apple, Google e provedores de internet, para que retirassem aplicativos VPN das lojas a fim de impedir o acesso à rede social em território nacional.
No entanto, horas depois da decisão sobre o bloqueio ter sido expedida, o ministro recuou sobre a retirada de aplicativos de VPN das lojas virtuais.
Após diversos ataques de Musk ao ministro do Supremo, em 20 de setembro, 22 dias depois do bloqueio do X no Brasil, a plataforma indicou a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova como representante legal no Brasil. Ela já tinha desempenhado a mesma função antes do fechamento do escritório da empresa no país.
No dia 26 de setembro, a companhia enviou ao ministro todos os documentos solicitados para a retomada da rede social e bloqueou as nove contas solicitadas nas ordens judiciais.
Além disso, no dia 7 de outubro, a plataforma realizou o pagamento das multas determinadas por Moraes. Elas se referiam ao não cumprimento das ordens do ministro.
Na terça-feira (8), o magistrado determinou a liberação do X no País, dando à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) 24 horas para cumprir a decisão.