Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2023
Segundo documento, foram realizadas 273 missões de controle de dopagem em 67 modalidades distintas.
Foto: ReproduçãoDe 1º de janeiro até 31 de agosto deste ano, 26 atletas tiveram resultados analíticos adversos em exames realizados pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD). Além destes, outras quatro violações foram detectadas e processos abertos.
Os dados estão disponíveis em um relatório divulgado pela ex-ministra Ana Moser, logo após ela ter deixado o governo. Segundo esse documento, foram realizadas 273 missões de controle de dopagem em 67 modalidades distintas.
De acordo com Adriana Taboza, presidente da ABCD, resultado analítico adverso significa que o exame apontou presença de substâncias proibidas nas amostras. Já as investigações são outros tipos de violações como o atleta não ser localizado para fazer o teste ou uma fraude.
Todas os tipos de violações estão descritos no artigo 114 do Código Brasileiro de Antidopagem (CBA).
Ostarina
O atleta olímpico Thiago Braz, do salto com vara, foi suspenso provisoriamente em julho após testar positivo para a ostarina em exame antidoping. Utilizada para o aumento de massa muscular, a substância tem sido uma pedra no sapato de outros esportistas brasileiros, como os zagueiros Manoel, do Fluminense, e Rodrigo Moledo, do Inter.
Além dos futebolistas, a ostarina também resultou na suspensão da atleta Tandara, da seleção brasileira de vôlei, que acabou cortada dos Jogos Olímpicos de Tóquio – ela foi condenada a quatro anos.
A ostarina é um modulador hormonal que atua, principalmente, no aumento de massa muscular. Desde 2008, ela é considerada doping em uso fora e dentro das competições. A substância funciona de forma semelhante aos esteroides anabolizantes, mas com menos efeitos colaterais.
Segundo a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, a ostarina pertence à categoria “S1.2 Agentes Anabolizantes – Outros Agentes Anabolizantes – SARMs da Lista de substâncias e métodos proibidos da AMA-WADA”. Fabrício Buzatto, médico do esporte, fisiatra e membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE), explicou as suas ações no organismo.
“A substância tem um impacto grande no tecido ósseo e muscular, e um dos grandes efeitos é que aumenta muito a força muscular”, falou Fabrício.
O bioquímico L. C. Cameron, coordenador do Laboratório de Bioquímica de Proteínas da UNIRIO, explicou que a substância tem como função primária manter o sinal de androgênios (como testosterona) por mais tempo no corpo humano.
Ela foi desenvolvida para quadros de caquexia cancerosa (perda de massa e tecido), osteoporose e para, de forma geral, para ganho de massa muscular.
“Seu uso primário tem relação com o ganho de massa magra e perda de massa gorda. Mas entendo que não seria prudente a sua prescrição no Brasil, uma vez que esses moduladores, os SARMs, não são registrados para uso no país, segundo a Anvisa. Isso não quer dizer, porém, que não exista profissionais que o prescrevam”, afirmou.