Sábado, 04 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de janeiro de 2025
As perspectivas de afrouxamento na regulamentação do mercado de critpoativos nos Estados Unidos garantiram ao bitcoin (BTC) a liderança em valorização em 2024, com uma alta de 183% em reais, segundo um levantamento da consultoria Elos Ayta. No dia 6 de dezembro o bitcoin atingiu o máximo de US$ 103,8 mil (R$ 643,6 mil), apesar de um cenário global de declínio da liquidez. Enquanto isso, a Bolsa brasileira terminou o ano com queda de mais de 10%, na maior queda desde 2021, e investidores do País se contentaram com o bom resultado da renda fixa.
As perspectivas são de continuidade desse desempenho em 2025, por vários motivos. O primeiro e mais importante é a regulamentação mais amigável. Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, declarou durante toda a campanha que pretende transformar o país no centro financeiro dos criptoativos. Isso representa uma mudança radical em relação à administração anterior, que colocou vários entraves ao desenvolvimento desse mercado.
ETFs e “halving”
O ano de 2024 teve vários outros eventos positivos em relação ao bitcoin. Um deles foi a permissão de negociar Exchange Traded Funds (ETF) de bitcoins no mercado à vista. Até então, os investidores individuais americanos só poderiam comprar ETF de derivativos.
A Securities and Exchange Comission (SEC), equivalente americano da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entendia que os ETF que compravam bitcoins no mercado à vista eram arriscados demais para os pequenos investidores. As gestoras que pretendiam lançar esses produtos foram aos tribunais, e a SEC perdeu. Isso destravou o lançamento de vários produtos e permitiu a entrada de bilhões de dólares nesse mercado.
O outro evento positivo para os preços foi o segundo “halving”, ou redução da remuneração dos mineradores. O bitcoin tem de ser “minerado”: um computador tem de resolver uma equação matemática complexa para ser remunerado com uma fração do bitcoin. A estruturação da criptomoeda determina que essa remuneração seja reduzida pela metade a cada quatro anos, aproximadamente. Uma dessas reduções (ou “halvings”) ocorreu em 2024. A redução da oferta contribuiu para a elevação dos preços.
Moedas e renda fixa
Após o bitcoin, o investimento que mais rendeu foi o índice BDRx, que acompanha as oscilações dos Brazilian Depositary Receipts (BDR), com uma alta de 70,6%. Segundo Einar Rivero, sócio da Elos Ayta, 2024 “será lembrado como um ano de contrastes no mercado financeiro” devido à diferença de comportamento entre os diversos ativos. Os preço do ouro subiram 26,55%, reafirmando seu papel como ativo de proteção. E a moeda europeia, o euro, apreciou-se 20,12% em relação ao real.
Os juros de mercado medidos pelo CDI acumularam uma valorização de 10,78%, manteve-se como uma opção segura e consistente para os investidores, por remunerar pouco mais do que o dobro da inflação. E até mesmo as cadernetas de poupança superaram os índices, com uma rentabilidade de 7,09%, marcando o terceiro ano consecutivo acima de 6%.
Ações
Os últimos meses de 2024 foram marcados pela reação negativa do mercado às políticas fiscais anunciadas pelo governo. A falta de clareza sobre as metas financeiras trouxe mais incertezas, o que pressionou a alta do dólar e da inflação. O Banco Central elevou a taxa Selic, buscando conter os impactos econômicos. Apesar disso, o dólar teve uma valorização expressiva, impulsionada por fatores internos e externos, atingindo sua maior alta anual desde 2020.
Nesse cenário, não surpreende que os índices de ações tenham registrado quedas significativas. O índice de Small Caps liderou as perdas, com recuo de 25,03%, seguido pelo Ibovespa, que caiu 10,36%, e pelo IFIX, que teve uma retração de 5,89%. O IDIV, índice de dividendos, também fechou em baixa de 2,62%.