Segunda-feira, 06 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de maio de 2023
“Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa”. Rita Lee decidiu finalizar com esta frase o capítulo “Profecia” em seu primeiro livro autobiográfico, publicado em novembro de 2016. Em nove linhas, ela brincou e imaginou sobre como seria a repercussão e a reação das pessoas diante de sua morte.
Rita escreveu que os fãs “empunharão capas dos seus discos e entoarão “Ovelha Negra”. Esse movimento já começou, mas não como ela esperava. Diversas pessoas publicaram nas redes sociais trechos da música desde que a sua morte foi anunciada. “Foi quando meu pai me disse filha. Você é a ovelha negra da família. Agora é hora de você assumir.”
E quanto às redes, a roqueira escreveu que algumas pessoas publicariam “ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk”. Mas a verdade é que muitas pessoas lamentaram sua morte, tanto que seu nome entrou nos trends (palavras mais publicadas) do Twitter.
Uma das maiores cantoras e compositoras da história da música brasileira morreu nessa segunda-feira (8), aos 75 anos. Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença.
A obra de 296 páginas – que levou Rita Lee a concorrer ao Prêmio Jabuti de 2017 – conta sobre como ela enxergou a vida desde que começou a cantar e quais sentimentos ficaram desde aquela época. O livro passa pela infância, os primeiros passos na vida artística, prisão, o relacionamento com Roberto de Carvalho, até a idade mais avançada – imaginando, ao fim, como seriam os minutos após sua morte.
“Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída”, imaginou Rita Lee em sua profecia.
Ao longo das nove linhas que escreveu sobre sua morte, ela aproveitou para advertir os políticos. “Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los”.
Por fim, no livro, Rita imaginou como estaria agora, após morrer: “Eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: ‘Thank You Lord. Finally Sedated'”.
O velório da cantora será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h.
Novo livro
Rita Lee havia anunciado, em 7 de março, o lançamento de mais um livro sobre sua história. “Outra Autobiografia” – fazendo referência ao “Rita Lee: Uma autobiografia” (2016). A publicação já está em pré-venda e chega ao mercado em 22 de maio. A data foi escolhida por ser o dia de santa Rita de Cássia.
“(…) quando decidi escrever Rita Lee: Uma autobiografia (2016), o livro marcava, de certo modo, uma despedida da persona Rita Lee, aquela dos palcos, uma vez que tinha me aposentado dos shows. Achei que nada mais tão digno de nota pudesse acontecer em minha vidinha besta. Mas é aquela velha história: enquanto a gente faz planos e acha que sabe de alguma coisa, Deus dá uma risadinha sarcástica”, escreveu a cantora ao anunciar a novidade.