Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de agosto de 2024
Durante audiência nessa quarta-feira (21) em Brasília, o governador gaúcho Eduardo Leite voltou a pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o aprimoramento de medidas federais já anunciadas para reconstrução do Estado após as enchentes de maio. O encontro foi o primeiro após a troca pública de farpas entre ambos durante a mais recente visita de Lula ao Rio Grande do Sul, no dia 16.
De acordo com o governador, a conversa, que durou mais de uma hora, foi “amistosa”. Também participaram os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Paulo Pimenta, que assumiu a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul.
“Elencamos as ações que o governo federal fez, tomou providências que nós reconhecemos e agradecemos, mas sinalizamos os pontos que a gente entende que merecem urgentemente aprimoramentos para fazer com que essas medidas sejam efetivas”, disse Leite após o encontro.
Dentre as medidas que precisam ser revistas, no ponto-de-vista de Eduardo Leite, está o programa de manutenção de emprego e renda, que atende empresas atingidas pela calamidade. O governo avalia que as regras ficaram “engessadas”, o que acaba limitando o acesso das empresas aos recursos disponibilizados pelo governo federal.
A proposta do governo estadual é para que empresas que estão fora da chamada “mancha de inundação”, ou seja, que não foram alagadas, mas que sofreram impactos por conta da situação de calamidade, também sejam contempladas pelo programa.
Leite também pediu ao petista que reconsidere as regras dos programas de financiamento anunciados pelo Executivo e que promovem subsídios de juros. Por último, pediu intercessão sobre a proposta de renegociação da dívida dos Estados. Segundo ele, a solução apresentada no Senado Federal não contempla o Rio Grande do Sul.
À imprensa, o governador declarou que há “um descompasso entre o apoio que é anunciado e o apoio que se está efetivando lá na ponta pelo governo Lula” e que é preciso compatibilizar esforços entre os governos. Ele finalizou dizendo que há uma necessidade de definir a governança da implementação de alguns projetos, ou seja, de decidir quem será a competência de cada obra anunciada.
Leite esteve em Brasília para negociar com o presidente obras de drenagem no Estado que serão financiadas pelo governo federal por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O governo federal anunciou mais R$ 7,4 bilhões em investimentos para obras no território gaúcho. A maior parte (R$ 6,5 bilhões) será destinada a obras de drenagem para prevenir desastres naturais como o de maio. Ao todo, cerca de 61 projetos em 52 municípios serão beneficiados pelos recursos.
“É uma conversa de avaliação sobre tudo que nós já conseguimos avançar, os problemas, onde é que a gente tem que avançar mais, o que a gente precisa de melhorias”, disse o governador. “Uma conversa franca, aberta e também sobre os temas, para definir responsabilidades sobre as medidas de projetos para a contenção de cheias. Tem uma série de pontos que precisam ser definidos no processo de reconstrução do Estado.”
Brigas X diálogo
Leite também comentou a relação com Lula. Conforme o político tucano, mesmo que haja brigas públicas com o líder petista, é preciso “sentar e conversar”. Ele defendeu, após participar de evento do Conselho Nacional de Secretários de Administração (Consad) na capital federal:
“A reunião é uma boa oportunidade de diálogo. A gente pode ter divergências e até brigar publicamente, como as nossas funções públicas exigem, mas nunca deixar de sentar e conversar para construir soluções para a população”.
Na semana passada, Leite disse que “gaúcho não é ingrato”, em resposta ao presidente, que havia dito em entrevista que o governador deveria “agradecer” pelo tratamento do governo federal ao Rio Grande do Sul. Em outra ocasião, o tucano afirmara que o governo Lula fez “muita propaganda” e que pouca ajuda chegou até agora ao Estado.
(Marcello Campos)
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