Sexta-feira, 18 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de junho de 2019
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira, em sua primeira visita de Estado à Argentina, que há uma preocupação regional com o surgimento de “novas Venezuelas”e pediu que os argentinos “votem com responsabilidade, com muita razão e menos emoção” nas eleições presidenciais de outubro. O presidente Mauricio Macri , candidato à reeleição, enfrentará nas urnas uma chapa que terá como candidata a vice a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015). As informações são do jornal O Globo.
“Acho que toda a América do Sul está preocupada em que não criemos novas Venezuelas na região”, disse Bolsonaro em declaração ao lado de Macri na Casa Rosada, depois da primeira reunião entre os dois.
O presidente, que já advertiu inúmeras vezes contra a volta ao poder de Cristina, cuja chapa é favorita nas pesquisas, afirmou ainda:
“Todos têm que ter, assim como no Brasil grande parte teve, muita responsabilidade, muita razão e menos emoção para decidir o futuro deste país. Que Deus abençoe este povo nesta decisão, porque desta forma teremos paz e alegria.”
Sobre a Venezuela, Bolsonaro afirmou que “é difícil acabar com uma ditadura. Esperamos que haja um racha no Exército venezuelano, caso contrário fica difícil normalizar a situação.”
Ao lado do brasileiro, Macri fez questão de ratificar o compromisso da Argentina com os direitos humanos, que citou duas vezes, e disse que foi tema da reunião com Bolsonaro. Mais de 50 movimentos sociais organizaram protestos para o fim da tarde desta quinta-feira em repúdio à presença do brasileiro.
“Reiteramos nosso compromisso com os direitos humanos e a democracia, ratificando nosso compromisso e solidariedade para restaurar a democracia na Venezuela”, disse o argentino.
Sobre os protestos, Bolsonaro voltou a defender seu ponto de vista a respeito da ditadura brasileira.
“Nós evitamos que mergulhássemos no obscuro mundo da esquerda. Mas não foi o movimento dos militares, foi de toda a sociedade. O que aconteceu no passado tem que servir de exemplo para todo mundo, para que no futuro não seja necessário que aconteça algo naquele sentido. Basta cada um velar pela democracia e pela liberdade”, disse a jornalistas, mais tarde.
O presidente ainda comparou a situação interna nos dois países:
“Não viemos falar de política interna, mas tivermos uma experiência bastante triste no Brasil há pouco tempo, semelhante da Argentina. E democracia e liberdade devem falar mais alto nas eleições argentinas disse Bolsonaro.”
Combate integrado ao narcotráfico
Macri também fez questão de destacar a importância da relação entre os dois países e revelou que durante a entrevista bilateral os presidentes conversaram sobre temas como combate integrado ao narcotráfico, questões fronteiriças e desenvolvimento da área energética. E citou pontos em comum com o brasileiro, como o impulso para o desenvolvimento das pequenas e médias empresas e o apoio ao empreendedorismo.
“Apostamos forte a que esta interconexão, este desenvolvimento em conjunto, possa ser algo muito bom para brasileiros e argentinos”, afirmou o argentino. “Também temos que simplificar o movimento das fronteiras para agilizar o comércio e o turismo.”
Na reunião fechada, que começou com atraso de quase uma hora, os dois presidentes ainda conversaram sobre um possível avanço nas negociações do Mercosul com a UE (União Europeia) para a criação de uma área de livre comércio.
“O Mercosul está completando 30 anos e o mundo mudou. Claramente a visão inicial de integração tem que estar focalizada também em como nos incluímos no desenvolvimento global, que é fundamental para o futuro de nossos países”, afirmou Macri.
Mais cedo, o ministro da Economia, Paulo Guedes , disse que o acordo de livre comércio deverá ser fechado em até um mês. Bolsonaro também elogiou o papel de Macri nas negociações. Em baixa nas pesquisas, o argentino espera a assinatura antes da votação de outubro.
“Estamos em um momento iminente para assinar o acordo com a União Europeia e grande parte desta negociação se deve ao empenho de Macri. Todos nós vamos ganhar com este acordo”, reforçou Bolsonaro.
Os presidentes assinaram vários memorando de entendimento sobre cooperação nas áreas de Bioenergia, incluindo Biocombustíveis, e em assuntos de Mineração. Também houve a assinatura de convênio para o intercâmbio de energia elétrica em caráter emergencial, pelo qual ambos os países cedem energia para o outro.
Quando saía para a embaixada do Brasil, o presidente Bolsonaro foi abordado por uma brasileira que pediu para tirar uma foto com ele. No momento da foto, a mulher disse a Bolsonaro que era de Curitiba, ao que o presidente respondeu:
“Curitiba… espero que Lula fique lá por muito tempo.”