A Polícia Federal (PF) realizou uma nova operação de busca e apreensão na casa do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. Do endereço, foram levados um computador, o celular do ex-ajudante de ordens, o telefone de sua esposa, Gabriela Cid, e documentos.
Cid estava em liberdade desde setembro, quando seu acordo de delação premiada foi homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Com a divulgação dos áudios nos quais ele fez ataques ao magistrado e à PF, o ex-ajudante de Jair de Bolsonaro voltou para a prisão, nessa sexta-feira (22).
Nas gravações reveladas pela revista Veja, Cid afirma que foi pressionado a falar sobre fatos em sua colaboração premiada que, segundo o próprio, “não teriam acontecido” ou dos quais “não teria conhecimento”. O militar disse ainda que a PF está com “a narrativa pronta e não queria saber a verdade”.
Ainda não há decisão sobre a rescisão do acordo de Mauro Cid.
Audiência
Cid confirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o que disse em sua delação premiada. Ele também disse que não sofreu pressão de autoridades no processo da delação.
O ex-ajudante de ordens deu depoimento nessa sexta para explicar áudios gravados por ele e que se tornaram públicos após reportagem da revista Veja. Nos áudios, Cid diz que a PF, nas audiências da delação, queria que ele desse uma determinada versão dos fatos.
“Queriam que eu [Cid] falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu”. Ele também criticou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do caso.
Cid é tenente-coronel e uma das pessoas mais próximas de Bolsonaro durante o mandato do ex-presidente. Ele é investigado, assim como Bolsonaro e outros políticos e militares, em inquéritos que investigam tentativa de golpe de Estado e fraude em cartões de vacina.
Quando concordou com a delação premiada, Cid estava preso preventivamente. Pelas regras da delação, ele se comprometeu a contar o que sabe em troca da diminuição de uma eventual pena. Em seguida, ele foi solto e pôde ser investigado em liberdade.
Mas, ao gravar os áudios, Cid desobedeceu regras da delação, como fazer comentários sobre o acordo, que está em sigilo. O STF também entendeu que ele tentou obstruir a Justiça ao fazer as gravações. Por isso, ele foi preso após o depoimento dessa sexta.
“Diante da necessidade de afastar qualquer dúvida sobre a legalidade, espontaneidade e voluntariedade da colaboração de Mauro César Barbosa Cid, que confirmou integralmente os termos anteriores de suas declarações, torno pública a ata de audiência realizada para a oitiva do colaborador”, escreveu Moraes.
O depoimento dessa sexta foi para o desembargador Airton Vieira, magistrado instrutor no gabinete de Moraes.