Um grupo de 152 arcebispos e bispos da Igreja Católica assinou uma carta com críticas ao presidente Jair Bolsonaro. No documento, os religiosos citam que o governo federal demonstra “omissão, apatia e rechaço pelos mais pobres”, além de “incapacidade para enfrentar crises”.
“O desprezo pela educação, cultura, saúde e pela diplomacia também nos estarrece”, diz o texto. Os bispos afirmam que a situação “é visível nas demonstrações de raiva pela educação pública; no apelo a ideias obscurantistas; na escolha da educação como inimiga e nos sucessivos e grosseiros erros na escolha dos ministros”.
A carta, que seria publicada na semana passada, chegou a ser suspensa para análise do Conselho Permanente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), mas acabou vazando no domingo (26), segundo informações do site G1.
A CNBB informou que o documento “nada tem a ver” com a conferência. “É de responsabilidade dos signatários”, afirmou. O Palácio do Planalto disse que não vai comentar o caso.
Ainda de acordo com o texto, chamado de “Carta ao Povo de Deus”, os bispos e arcebispos afirmam que o presidente da República usa o nome de Deus para “difundir mensagens de ódio e preconceito”.
“Como não ficarmos indignados diante do uso do nome de Deus e de sua Santa Palavra, misturados a falas e posturas preconceituosas, que incitam ao ódio, ao invés de pregar o amor, para legitimar práticas que não condizem com o Reino de Deus e sua justiça?”, diz a carta.
Com base em versículos bíblicos, o texto cita o atual momento da pandemia de coronavírus enfrentada pelo País e o aumento de casos e óbitos pela Covid-19. “Assistimos discursos anticientíficos, que tentam naturalizar ou normalizar o flagelo dos milhares de mortes pela Covid-19”.
De acordo com os religiosos, “o sistema do atual governo não coloca no centro a pessoa humana e o bem de todos, mas a defesa intransigente dos interesses de uma economia que mata, centrada no mercado e no lucro a qualquer preço. Convivemos, assim, com a incapacidade e a incompetência do Governo Federal, para coordenar suas ações, agravadas pelo fato de ele se colocar contra a ciência, contra estados e municípios, contra poderes da República; por se aproximar do totalitarismo e utilizar de expedientes condenáveis, como o apoio e o estímulo a atos contra a democracia, a flexibilização das leis de trânsito e do uso de armas de fogo pela população e o recurso à prática de suspeitas ações de comunicação, como as notícias falsas, que mobilizam uma massa de seguidores radicais”.