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Em carta de despedida do comando do PSDB, o senador Aécio Neves diz que provará a sua inocência

Em março, o senador (foto) foi gravado pelo empresário e delator Joesley Batista pedindo R$ 2 milhões. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Licenciado da presidência do PSDB desde que se tornou alvo do escândalo da JBS/Friboi, o senador Aécio Neves (MG) distribuiu na quarta-feira (06) uma carta em tom de despedida do comando do partido. A sigla elege no próximo sábado sua nova estrutura de comando nacional, que deve tornar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o presidente nacional. Aécio ocupou o cargo entre 2013 e 2017.

Ele apresentou um balanço de sua gestão acompanhado de uma carta em que promete comprovar sua “absoluta correção” em todos seus atos. Ele é alvo de denúncia pelo Ministério Público Federal pelos crimes de corrupção passiva e obstrução da Justiça. Em março, o tucano foi gravado pelo empresário e delator Joesley Batista, a quem pediu R$ 2 milhões. O tucano nega as acusações.

“Desde que me afastei da presidência do PSDB, em maio último, venho me dedicando de maneira integral à minha defesa diante das falsas e criminosas acusações de que sou vítima. Estejam certos de que, ao fim, restará provada a absoluta correção de todos os meus atos. Assim como foi ao longo destes últimos 30 anos, serei sempre um dedicado tucano pronto para lutar junto com o PSDB pelo Brasil e pelos brasileiros”, escreveu o mineiro.

Em tom de balanço, ele diz que o partido teve um salto nas últimas eleições e que confia em Alckmin para “pacificar” o PSDB. Com isso, o tucano faz referência ao racha do partido, vivido pela rivalidade entre ele o senador Tasso Jereissati (CE), que ocupou a presidência interina entre maio e novembro.

No mês passado, Aécio tirou o cearense do comando do PSDB e indicou o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman para o seu lugar. No documento, ele disse ter feito isso em nome da isonomia do partido. Tasso disputava com o governador de Goiás, Marconi Perillo, a presidência do partido. Em acordo costurado na cúpula da legenda, ambos abriram mão de suas candidaturas em favor de Alckmin, favorito para disputar o Palácio do Planalto no ano que vem.

“Desta decisão decorreu um processo sucessório equilibrado, e dele, um saudável entendimento que culminará, na convenção que se aproxima, com a eleição do governador Geraldo Alckmin para presidente nacional do partido. A ele, manifesto meu apreço e inteira confiança em sua capacidade de nos liderar nessa nova travessia que se inicia”, escreveu Aécio.

Prédio vai a leilão

O prédio que Joesley Batista, dono da JBS, diz ter comprado “fazendo de conta” que valia R$ 17,3 milhões, com o propósito de repassar dinheiro a Aécio Neves, foi posto à venda em Belo Horizonte por menos de 15% do que foi pago pelo empresário.

Uma avaliação da Justiça, que determinou o leilão do bem, fixou em R$ 2,5 milhões o preço do imóvel. O lance mínimo para arrematá-lo foi ainda menor – R$ 750 mil –, valor equivalente a um apartamento de três quartos no Plano Piloto, em Brasília.

O pregão para definir o futuro do edifício, além de um lote vizinho, estava marcado para 22 de novembro, mas foi suspenso porque a J&F, holding que controla a JBS, apresentou embargos à Justiça, com pedido de liminar.

Em sua delação, Joesley disse que, a pedido de Aécio, aceitou pagar preço superfaturado pelo imóvel para cobrir dívidas de campanha do senador. O prédio era da editora Ediminas, do empresário Flávio Carneiro, ligado ao congressista.

O negócio foi feito em setembro de 2015 e o pagamento, parcelado. “Precisava de R$ 17 milhões e tinha um imóvel que dava para fazer de conta que valia R$ 17 milhões”, afirmou Joesley. A Justiça do Trabalho mandou penhorar o prédio para quitar dívida de R$ 100 mil da Ediminas com um entregador de jornais.

 

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