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Brasil Em crise existencial, o PT debate seu futuro

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A chapa majoritária PMB, do ex-presidente Lula, chega a alertar: “Os partidos não são eternos”. (Foto: Gabriel Garcia Soares/AE)

Com dúvidas sobre o seu futuro, arrependido de atitudes do passado e certo de que está sendo traído no presente. De acordo com as teses apresentadas pelas correntes internas do PT para o seu 5º Congresso Nacional, previsto para ocorrer no mês que vem, o partido vive uma crise existencial.

Os documentos são unânimes no diagnóstico de que a sigla se encontra em uma encruzilhada e que passa pela maior crise de sua história. A chapa majoritária PMB (Partido que Muda o Brasil), do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chega a alertar: “Os partidos não são eternos”.

No encontro, 800 delegados, divididos de acordo com a votação de cada chapa na eleição interna de 2013, vão definir um documento com resoluções, tiradas a partir das teses, que vão nortear a vida petista nos próximos anos. Podem, por exemplo, mudar o processo de escolha dos dirigentes, como defendem todas as correntes, menos a PMB. O congresso, marcado para ocorrer entre os dias 11 e 13 de junho, em Salvador (BA), é o quinto do partido em 35 anos.

Os sete documentos registrados para o evento mostram a perplexidade dos petistas diante do momento. Mantêm queixas aos inimigos de sempre (forças conservadoras e mídia), mas fazem mea-culpa diante dos caminhos escolhidos nos últimos anos. A PMB fala ainda em “necessidade de uma contraofensiva política e ideológica para superar a crise de identidade que estamos atravessando”. Ressalta que, para isso, o encontro, que acontece em condições “políticas excepcionais”, não poderá ser “um ritual burocrático”.

A Mensagem ao Partido, segundo maior grupo, com 20,5% dos delegados, avalia que “a construção do PT está ameaçada pela política e cultura sem utopia e sem ética de um capitalismo em crise”. A chapa Partido para Todos e na Luta, terceira força interna e que terá 14,3% dos delegados, chega a diagnosticar que a “situação é dramática”, com base em pesquisa Datafolha divulgada em março que mostra que o partido atingiu o mais baixo índice de simpatizantes desde 1989: só 9%.

As críticas ao ajuste fiscal da presidenta Dilma Rousseff também são comuns em todas as correntes. A PMB é mais cuidadosa ao analisar as medidas, mas não deixa de destacar que “o problema é que o peso tenha recaído mais sobre os trabalhadores do que outros setores das classes dominantes”. Diz também que o papel da legenda é “apoiar o governo e, ao mesmo tempo, empurrá-lo para que cumpra o programa para o qual foi eleito”.

Nas demais chapas, o tom das críticas às medidas é mais duro. “O governo Dilma se iniciou com uma clara inflexão conservadora, contraditória com o programa eleito”, diz a Mensagem. A Partido para Todos cobra o cumprimento do programa eleitoral.

Eleições internas – A defesa do fim do processo eleitoral direto, conhecido como PED, de escolha dos dirigentes, é um tema comum a seis das sete teses apresentadas pelas correntes petistas para o congresso do partido.

Apenas a majoritária PMB não fala em mudar o sistema de escolha dos dirigentes da sigla, apesar de também apontar problemas no modelo vigente. Além desse questionamento, a Mensagem ao Partido defende a necessidade de trocar a direção partidária. Os integrantes da Executiva, eleitos em 2013, têm mandato até 2017.

Nas críticas às eleições diretas, que permitem que todos os filiados participem do processo de escolha dos dirigentes, as correntes argumentam que o processo resulta em despolitização e estimula o uso de recursos financeiros com filiações em massa. A Articulação de Esquerda, quarta corrente interna, com 5,3% de delegados no congresso, chega a dizer que o sistema reproduz práticas como a “compra de votos”.

Em caso de mudança no sistema, a escolha dos dirigentes se daria por meio de delegados apontados pelos filiados. Apesar de seus dirigentes defenderem a manutenção das votações diretas, a PMB reconhece em sua tese: “Os processos eleitorais internos são frequentemente atravessados por distorções políticas e éticas”.

A manutenção do PED, porém, não é unânime dentro do grupo. O ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Agrário), que faz parte da PMB, defendeu em artigo publicado no site do PT o fim do sistema. Membros da Mensagem dizem que a renovação que o partido pretende obter em seu congresso só será possível com um novo comando. A tese do grupo fala em necessidade de dar “uma sacudida da rotina”. (AG)

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https://www.osul.com.br/em-crise-existencial-o-pt-debate-seu-futuro/ Em crise existencial, o PT debate seu futuro 2015-05-25
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