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Em Curitiba, guerra interna faz partido de aliada de Bolsonaro se declarar “neutro”

Divergência no PMB envolve a expulsão do antigo presidente do diretório estadual no Paraná, entusiasta da candidatura de Cristina Graeml. (Foto: Reprodução)

Aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Curitiba, a jornalista Cristina Graeml (PMB) convive com uma disputa interna em seu partido, o nanico Partido da Mulher Brasileira (PMB), que se declara “neutro” no segundo turno entre ela e o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD). A guerra do PMB envolve uma intervenção da direção nacional e a expulsão do antigo presidente do diretório estadual no Paraná, entusiasta da candidatura de Graeml. A nova gestão passou a disseminar acusações contra aliados de Graeml no partido, que vêm sendo exploradas pela campanha de Pimentel na reta final da eleição.

No fim de setembro, a presidente nacional do PMB, Suêd Haidar, conduziu uma reunião que resultou na expulsão de Fabiano dos Santos, ex-dirigente da sigla no Paraná. Segundo a direção nacional, Santos foi acusado de “condutas inapropriadas, (o) que gerou seu desligamento”. Ele vem acusando outros partidos de “comprarem” o apoio do PMB em outros Estados, além de criticar supostas irregularidades da gestão de Haidar.

O próprio Santos, por sua vez, já foi condenado em segunda instância por desvio de recursos públicos dentro da Assembleia Legislativa do Paraná. Ele alegou ter sido ludibriado por um ex-deputado e negou ter operado qualquer desvio.

A queda de braço entre Santos e o PMB começou no lançamento da candidatura de Graeml, que a direção nacional tentou anular, em agosto, alegando que a jornalista “não estava alinhada com as bases ideológicas” do partido. Com a destituição do presidente estadual, o diretório passou ao comando do corretor de imóveis Irineu Fritz.

“Estamos neutros. Não estamos apoiando a Cristina, nem o Eduardo”, declarou Fritz.

Nos bastidores, integrantes da nova cúpula do PMB tem mostrado alinhamento a Pimentel, rival de Graeml. Um desses nomes é o ex- vereador Marcello Sampaio, novo secretário-geral da sigla, que acumula passagens por outros partidos nanicos no Estado. Ele argumentou que a nova direção do PMB está “neutralizada” porque “ninguém mora em Curitiba”, e disse que a sigla não dispõe de verba de fundo partidário para ajudar a candidatura de Graeml.

Sampaio ajudou a divulgar a informação de que o ex-presidente estadual do PMB havia sido preso em flagrante, em janeiro deste ano, por dirigir um carro roubado. Horas depois da divulgação, o próprio Pimentel trouxe o caso à tona em um debate da emissora RIC, quando interpelou Graeml sobre a prisão do aliado “com um carro roubado dia 27 de janeiro desse ano”.

A prisão ocorreu dois dias após um evento em que Santos havia anunciado a jornalista como pré-candidata à prefeitura. Ele foi solto no mesmo dia, após pagar fiança de R$ 5 mil. O ex-dirigente do PMB, que chegou a bater boca com Pimentel no debate, alegou que havia comprado um carro usado e não sabia que o veículo era roubado.

Santos atacou o novo secretário-geral do PMB, a quem chamou de “conhecido pelo mau uso de algumas siglas”, e disse não reconhecer a legitimidade da nova direção estadual do partido.

“Não temos conversa com esse pessoal. A (direção) nacional faz isso com o intuito claro de interferir na vitória do PMB aqui no Paraná”, afirmou Santos.

Embora o PL faça parte da coligação de Pimentel, Bolsonaro já fez mais de uma sinalização de apoio a Graeml e autorizou a candidata do PMB a utilizar sua imagem na campanha. Segundo pesquisa Quaest divulgada no sábado (19), Pimentel e Graeml estão tecnicamente empatados, com ligeira vantagem numérica para o candidato do PSD.

Com a campanha parelha, os dois concorrentes têm subido o tom dos ataques no segundo turno. Na propaganda eleitoral, Graeml chegou a representar Pimentel como “marionete” de caciques políticos do Paraná, como o atual prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), e o ex-governador Beto Richa (PSDB). O vice-prefeito tem se posicionado como aliado de Greca e do atual governador Ratinho Jr. (PSD).

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