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No Dia do Trabalho, sete centrais sindicais se uniram em apoio a Lula

Manifestantes fazem ato nos arredores da Polícia Federal na capital paranaense, onde Lula está preso.(Foto: Ricardo Stuckert)

Considerada a maior celebração de 1º de Maio dos últimos 35 anos no Brasil, a festa pelo Dia do Trabalhador que unifica sete centrais sindicais em Curitiba, tem foco na situação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e nas eleições para a Presidência e o Congresso em outubro. Além de abraçar a bandeira “Lula Livre”, o evento propõe ao público o voto em políticos que ajudem a pautar, na Câmara e no Senado, propostas que contraponham a retirada de direitos ou mesmo a revogação de medidas consideradas perniciosas aos trabalhadores, especialmente a reforma trabalhista.

O tom da festa, por sinal, pauta também a conversa das centrais com os presidenciáveis – apenas dois deles, no entanto, confirmaram presença no ato da capital paranaense até a noite de segunda (30): Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL). Pela manhã, centenas de pessoas se reuniram nas proximidades da PF (Polícia Federal), onde Lula está preso. Segundo a PM (Polícia Militar), duas mil pessoas estiveram no local para o chamado “Bom dia, Lula” e para uma celebração ecumênica.

O ato é realizado na praça Santos Andrade, onde Lula fez discursos em março deste ano, durante sua caravana pelo Sul, e em maio de 2017, após o primeiro depoimento ao juiz federal Sérgio Moro no caso do triplex do Guarujá – processo pelo qual o petista foi condenado e cumpre a pena de 12 anos e um mês de prisão na Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, desde o dia 7 de abril.

A reportagem conversou com representantes de três centrais sindicais: UGT (União Geral dos Trabalhadores), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical. “É o maior ato desde a criação da CUT [em 1983], um momento histórico em que adotaremos três tônicas: a defesa dos direitos dos trabalhadores, contra as reformas trabalhista e previdenciária; a defesa da democracia, contra os atos fascistas sobre a caravana de Lula [o ataque a tiros em março a um ônibus, no Paraná] e sobre o acampamento em Curitiba [em que duas pessoas foram baleadas no fim de semana]; e Lula livre, porque ele é um preso político e tem o direito de disputar as eleições”, afirmou o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas.

De acordo com o dirigente, a inclusão do ex-presidente petista na pauta não desvirtua o propósito do ato, já que o PT “sempre fez parte das manifestações pelo 1º de Maio”. A direção nacional do partido e as lideranças na Câmara e no Congresso, bem como políticos de outras legendas da esquerda, estarão presentes. Indagado se outros presidenciáveis serão bem vindos ao ato, o presidente da CUT foi taxativo: “Não há problema algum de estarem no palanque, desde que defendam os três pontos que defendemos”, afirmou.

Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, o evento serve não somente para reforçar a pauta contrária às reformas no formato defendido (caso da previdenciária) ou aprovado (caso da trabalhista) pelo governo de Michel Temer (MDB), como para pautar o debate com os candidatos às eleições gerais de outubro.”Esperamos que as bandeiras e reivindicações debatidas em Curitiba estejam também no debate dos candidatos a presidente – com foco em crescimento econômico, mas também com investimento em áreas sociais e em valorização do salário mínimo”, afirmou Juruna. “E Lula é um símbolo não apenas pela situação arbitrária da prisão dele, mas porque, como presidente, conseguiu governar unindo gente diversa com esse tipo de agenda”, completou.

O presidente nacional da UGT, Ricardo Patah, afirmou que o ato na capital paranaense “é somatória”. “Cada central tem uma pauta mais ou menos específica, mas o mais importante é que, só pelo fato de estarem todas no mesmo palanque, de forma solidária e unida, há uma clara e fundamental indicação de que juntos temos muito mais capacidade de superar essa crise que há no mundo do trabalho e sobre a legislação trabalhista – sobretudo com ataques ao movimento sindical”, definiu. Conforme o dirigente, o recado ao público focará também a eleição para a Câmara e o Senado — ainda que isso não signifique defesa à renovação nas duas casas legislativas.

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