O ministro francês encarregado do comércio exterior, Franck Riester, destacou nesta sexta-feira (29), no fórum de Davos virtual, “problema” com o Mercosul envolvendo a questão do desmatamento, e manteve que a pressão vai continuar da parte de Paris.
Em sessão sobre o “comércio verde”, o representante francês insistiu na importância para a União Europeia (UE) de exigir dos parceiros padrões ambientais mais ambiciosos, para estarem em linha com os padrões europeus.
Destacou que a União Europeia vai na direção de uma taxa carbono (carbon border adjustment mechanism) para evitar “carbon leakage”, expressão que diz respeito a uma situação na qual uma empresa, para escapar dos custos ligados a políticas climáticas, desloca sua produção para outros países, aplicando regras menos estritas de limitação de emissões, aumentando, assim, suas emissões totais.
Franck Riester mencionou o plano de combater firmemente o desmatamento por meio das importações. “O aumento do comércio poderia criar mais desmatamento”, disse, lembrando que, por isso, a União Europeia vai criar legislação para lutar contra esse risco.
“É um problema que temos com o Mercosul, e estamos tentando soluções para assegurar que o comércio com o Mercosul não aumente o desmatamento importado. É importante para colocar pressão para ser mais justo nesse tópico”, afirmou.
A França vai pressionar dentro da União Europeia para que todos os acordos comerciais no futuro tenham cláusula de respeito ao Acordo de Paris contra mudanças climáticas.
O país também quer aumentar o monitoramento do capítulo de desenvolvimento sustentável nos acordos comerciais. Exemplificou que, no monitoramento do acordo União Europeia-Coreia do Sul, a Europa constatou que os sul-coreanos não estão respeitando certos compromissos nessa área.
“No futuro, queremos colocar sanções nos capítulos (de desenvolvimento sustentável) para o caso de os compromissos não serem cumpridos”, afirmou.
Desigualdades
Temerosa de uma explosão social, a elite econômica e política reunida esta semana em Davos expressou preocupação com o agravamento das desigualdades, embora não seja fácil encontrar, ou aceitar, as soluções para reduzi-las.
A pauta do Fórum Econômico Social, reunido esta semana na modalidade virtual, já estava bem carregada, com um novo presidente dos Estados Unidos, o fechamento de fronteiras para limitar a propagação de variantes do vírus e o surgimento de um “nacionalismo das vacinas”.
Soma-se a isso outra questão: o agravamento das desigualdades, documentado em relatório da ONG Oxfam publicado na segunda-feira, pode provocar uma explosão social em populações já sobrecarregadas por tantas restrições.