Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de fevereiro de 2025
Conforme Cid, o grupo era formado por "três garotos que eram assessores" de Bolsonaro.
Foto: Lula Marques/Agência BrasilEm seu acordo de delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, deu detalhes sobre a atuação do grupo conhecido como “gabinete de ódio” que disseminava notícias falsas contra as urnas eletrônicas e as vacinas da Covid-10.
Conforme Cid, o grupo era formado por “três garotos que eram assessores” de Bolsonaro, tinham “relação direta” com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho 02 do ex-mandatário, e funcionavam dentro do Palácio do Planalto.
Os depoimentos de Cid foram revelados nessa quarta-feira (19) após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tirar o sigilo do processo.
“Que era o Carlos Bolsonaro que ditava o que eles teriam que colocar, falar; que basicamente, o que acontecia era que o ex-presidente tomava conta de sua rede social Facebook; que Carlos Bolsonaro tomava conta das outras redes do ex-presidente (lnstagram, o Twitter e os outros)”, diz trecho do depoimento transcrito pela Polícia Federal.
De acordo com o relato de Cid, o gabinete do ódio tinha uma localização física — funcionava em uma “salinha pequenininha” no terceiro andar do Palácio do Planalto, o mesmo andar onde ficava o gabinete do então presidente. A função dos assessores presidenciais era “sentir a temperatura das redes sociais” e “saber o que dava o engajamento e o que não dava”, segundo Cid.
O tenente-coronel também afirmou que nem sempre o grupo concordava com as postagens feitas por Bolsonaro – “às vezes eles brigavam com o ex-Presidente porque o Presidente publicava” – e que Carlos Bolsonaro tinha comando sobre a postagem nas redes:
“Principalmente Carlos Bolsonaro não queria que as mídias sociais do presidente fossem aquelas mídias enfadonhas”, disse Cid à PF.
A delação de Cid integra uma das provas levantadas pela Polícia Federal nos inquéritos que envolvem Bolsonaro. Nessa terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-presidente, o ex-ministro Braga Netto e mais 32 pessoas por participação em uma trama golpista para mantê-lo no poder após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. A denúncia foi oferecida pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e será apreciada pela Primeira Turma da Corte.
Em primeira declaração pública após a denúncia, Bolsonaro afirmou que “o mundo está atento ao que se passa no Brasil”. Bolsonaro também criticou o que chamou de “acusações vagas”.
“O mundo está atento ao que se passa no Brasil. O truque de acusar líderes da oposição democrática de tramar golpes não é algo novo”, escreveu o ex-presidente, em publicação em redes sociais.
Ele citou países governados por partidos de esquerda, como Venezuela, Nicarágua, Cuba e Bolívia, e disse que “a cartilha é conhecida: fabricam acusações vagas, se dizem preocupados com a democracia ou com a soberania, e perseguem opositores, silenciam vozes dissidentes e concentram poder”.
O ex-presidente concluiu o texto dizendo que “o mundo está atento e seguiremos fazendo nossa parte para que todos se saibam o que se passa hoje no Brasil” e que “a liberdade irá triunfar mais uma vez”. As informações são do portal de notícias O Globo.