Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 14 de dezembro de 2017
Em depoimento à PC (Polícia Civil), a professora Silma Lopes de Oliveira disse que os vídeos em que aparece colocando os alunos em um saco de lixo foram editados e que fez isso apenas uma vez, como forma de brincadeira, após a leitura de um livro infantil sobre o assunto. Silma também negou que a atitude tenha sido uma forma de castigo ou “método pedagógico”.
Agora, o delegado Eduardo Lopes Bonfim, que chefia a investigação em Restinga (SP), disse que vai analisar o conteúdo da obra literária citada pela professora. “Ela alegou que tudo não passou de uma brincadeira. Não sei o conteúdo do livro, e como ela não quis comentar as imagens, a gente não pode fazer uma conexão. A gente vai procurar saber o que o livro diz, mas não acredito que mande colocar ninguém dentro do saco”, afirmou.
Ainda de acordo com Bonfim, a educadora também negou ter orientado as estagiárias a fazerem o mesmo com os alunos e disse que nunca ameaçou demiti-las, caso contassem sobre os episódios a alguém, afirmando que mantinham amizade fora da sala de aula.“Ela negou qualquer forma de orientação, alegando que toda orientação passada às estagiárias era feita pela coordenação da creche. Vamos chamar de novo a coordenação da creche para resolver esse detalhe. Ela negou todos esses fatos, dizendo que não fez nada demais”, disse.
A professora substituta da creche Priscila Melo, que presenciou as punições aplicadas por Silma, também prestou depoimento. Segundo o delegado, Priscila disse que estava na sala apenas para desenvolver um trabalho musical com os alunos.
“Ela alegou que, como não houve choro, não houve nenhum pedido de socorro, entendeu que era um fato que ocorria ali, segundo ela, uma brincadeira de mau gosto, mas apenas uma brincadeira. Ela entendeu que não era nada demais”, afirmou.
Bonfim explicou que as professoras foram as últimas a prestar depoimento e que, agora, vai confrontar o conteúdo dos relatos de todos os envolvidos. O delegado adiantou que Priscila não deve ser responsabilizada pelo crime.
“A participação dela é mínima, ela estava somente naquele dia na sala. Vamos ver se é necessária essa acareação e se há alguma diferença entre os depoimentos e aqueles prestados na sindicância feita pela Prefeitura de Restinga”, afirmou. “Caso a gente entenda que isso vinha acontecendo com frequência, elas poderão até responder por tortura”, completou.
Ataques pessoais
O advogado de Silma, Denilson Carvalho, criticou a investigação, afirmando que as imagens divulgadas – que mostram Silma e uma das estagiárias colocando alunos em um saco de lixo – foram editadas. Ele solicitou todo o material apreendido pela polícia: 80 horas de gravações.
“Emitir um juízo de valor de uma pessoa que declara que ama os alunos, que no seu histórico escolar nunca teve uma advertência, uma suspensão, uma punição, emitir um juízo de culpa, inicialmente, com base em imagens editadas e picotadas, é um precedente extremamente perigoso”, disse.
Carvalho contou que Silma vem sofrendo ataques pessoais e destacou que a casa dela, em Restinga, chegou a ser apedrejada pelos moradores. O advogado também afastou a possibilidade de a professora ser indiciada por crime de tortura.
“Existem elementos para caracterização desse tipo penal que estão completamente distantes desse caso concreto. Então, nós trabalharemos incessantemente no sentido de derrubar essa edição de imagens que foi feita pela delegacia”, disse.