Terça-feira, 11 de março de 2025
Por Redação O Sul | 10 de março de 2025
Em discurso de despedida do governo nessa segunda-feira (10), a ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que foi alvo de uma “campanha misógina” durante sua gestão, que “desvalorizou” seu trabalho à frente da pasta. A ex-ministra criticou abertamente as atitudes que considera injustas e degradantes, e afirmou que a campanha contra ela teve como objetivo questionar sua capacidade e idoneidade.
“Não posso esquecer que durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade. Não é possível e acho que não devemos aceitar como natural comportamento político desta natureza”, declarou Trindade, visivelmente emocionada, durante a cerimônia que empossou o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no Palácio do Planalto.
Nísia Trindade foi demitida do cargo de ministra no último dia 25, após enfrentar uma queda em sua popularidade. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu Alexandre Padilha, atual ministro de Relações Institucionais, para ocupar a pasta da Saúde. A decisão foi tomada com o objetivo de dar um novo impulso à gestão, dado que Padilha possui mais experiência política.
No entendimento do Planalto, a nomeação de Padilha será estratégica para avançar em programas como o Mais Acesso a Especialistas (PMAE), que visa ampliar o acesso da população a consultas e exames. Lula acredita que essa medida possa se tornar uma das marcas de sua gestão.
“Podemos e devemos construir uma nova política, baseada efetivamente no respeito, e destaco o respeito a nós, mulheres, e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida de nossa população”, reforçou Nísia em seu discurso, destacando a importância do respeito e da valorização das mulheres na política.
Após a demissão, a ex-ministra se queixou do “processo de fritura” que enfrentou ao longo do tempo, destacando que sua gestão foi marcada por sucessivos episódios de desgaste, muitos dos quais envolviam sua dificuldade de articulação política.
Dentre os principais pontos que geraram críticas à sua gestão, estavam a demora em implementar o Programa Mais Acesso a Especialistas, a epidemia de dengue, a gestão dos hospitais federais do Rio de Janeiro e o desperdício de vacinas. Essas questões se somaram a uma crescente insatisfação com sua capacidade de liderança, o que culminou em sua substituição.