Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2024
Lula também defendeu a taxação de operações financeiras de super-ricos.
Foto: Tomaz Silva/Agência BrasilEm discurso na reunião de cúpula do G20 nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as invasões da Faixa de Gaza e da Ucrânia e atacou sanções unilaterais impostas a países. Lula também disse que as desigualdades econômicas geradas, segundo ele, pelo neoliberalismo, causaram o ódio e às ameaças à democracia.
“Não é surpresa que a desigualdade fomente o ódio, extremismo e violência. Nem que a democracia esteja sobre ameaça. A globalização neoliberal fracassou. Em meio às crescentes turbulências, a comunidade internacional parece resignada a navegar sem rumo por disputadas hegemônicas. Permanecemos à deriva, como se arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia. Mas o confronto não é uma fatalidade. Negar isso é abrir mão de nossa responsabilidade”, afirmou Lula em meio a líderes das principais economias do mundo.
Lula defendeu a taxação de operações financeiras de super-ricos, uma medida defendida por ele para financiar iniciativas de aumento da igualdade econômica no mundo.
“Uma taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar recursos da ordem de US$ 250 bilhões por ano para serem investidos no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais do nosso tempo”, afirmou.
Em seguida, o presidente brasileiro abordou as guerras em curso no mundo. Lula condenou a invasão da Rússia ao território da Ucrânia e de Israel à Faixa de Gaza.
“Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia à Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor. Intervenções desastrosas subverteram a ordem no Afeganistão e na Líbia. A indiferença relegou o Sudão e o Haiti ao esquecimento. Sanções unilaterais produzem sofrimento a atingem os mais vulneráveis”, argumentou Lula.
Para o Brasil, que preside atualmente G20, o encontro deste ano deveria ter como foco as medidas de combate à fome no mundo, encampadas por Lula. Mas os líderes mundiais, principalmente os europeus, querem aproveitar o encontro para falar das investidas da Rússia contra a Ucrânia.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que tem contra si um mandado de prisão internacional por crimes de guerra, não veio ao Brasil para participar do evento. Ao criticar a invasão da Ucrânia, Lula desagrada Putin, parceiro do Brasil no âmbito do grupo dos Brics. A crítica à Israel, por outro lado, indispõe o Brasil com aquele país e com alguns dos defensores do governo israelense, como os Estados Unidos.
Alguns líderes presentes são o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden; o presidente chinês, Xi Jinping; o presidente da França, Emmanuel Macron; o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz; e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. A fala sobre democracia também mostra um tema central para Lula e para muitos dos líderes do G20, que veem em seus países a ascensão de movimentos políticos extremistas e de inspirações autoritárias.
Lula aproveitou a presença dos líderes para defender um pleito histórico de seu governo: a reforma de organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU. Lula quer uma participação dos países emergentes e, principalmente, do Brasil.
“Este ano, a reforma da governança global entrou em definitivo da agenda do G20. Pela primeira vez, o grupo foi à ONU e aprovou com o endosso de outros 40 países um chamado à ação. Mas esse chamado é apenas um toque de despertar. A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional”, disse Lula.
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e que têm, cada um, poder de veto sobre qualquer proposta são: Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra.