Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2015
A agenda oficial sem compromissos neste final de semana foi aproveitada pela presidenta Dilma Rousseff, sábado, para um café da manhã com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, sem a presença de ministros ou assessores. Conforme fontes ligadas ao governo, o encontro realizado no Palácio da Alvorada, um dia antes de mais um domingo de manifestações anticorrupção em todo o País, teve por objetivo traçar estratégias e alternativas para enfrentar as crises política e econômica, além de reverter os baixos índices de popularidade da gestão federal.
“O entra e sai de veículos era moderado diante da residência oficial da Presidência”, relatou o jornal O Estado de S. Paulo. “Diante do Alvorada, apenas repórteres e turistas.” Recentemente, Lula já havia revelado a aliados que preferia uma conversa a sós, “sem testemunhas”, dificultando assim o vazamento de versões e interpretações desencontradas sobre o diálogo. Lula elogiou a atuação de sua sucessora, durante a última semana, na tentativa de conter a crise.
Na avaliação do petista que governou o País de 2003 a 2010, os supostos movimentos interessados na desestabilização do governo já começam a arrefecer porque Dilma, enfim, “saiu do gabinete para defender a sua gestão e tem conseguido mobilizar o Senado, segmentos sociais e empresariais contra o impeachment”.
Lula também teria considerado positivo o fato de o Executivo ter obtido tempo no TCU (Tribunal de Contas da União), que analisa o balanço do governo de 2014. Outro aspecto elogiado pelo ex-presidente seriam as recentes vitórias do Palácio do Planalto, ainda que não definitivas, no STF (Supremo Tribunal Federal) e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Embora o consenso geral seja de que as turbulências ainda estão longe de serem superadas, Lula fez um diagnóstico mais otimista do cenário e destacou a importância da parceria com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para divulgação da “Agenda Brasil”, conjunto de medidas apresentadas pelo parlamentar aliado, na semana passada, para retomar o crescimento econômico brasileiro.
acordo com Lula, a iniciativa permitiu ao governo desviar o foco da crise, ao mirar na reforma administrativa. Observou, porém, a necessidade de atenção redobrada para “rebeliões” na Câmara dos Deputados e notícias negativas associadas ao ajuste fiscal e a desdobramentos da Operação Lava-Jato da PF (Polícia Federal), que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.
A ideia do petista é de que o governo precisa evitar que esse assunto domine a pauta do País. Além disso, considera que Dilma e a sua equipe econômica devem continuar “batendo na tecla das reformas do pós-ajuste fiscal”, destacando as ações do Executivo para a retomada do crescimento nacional.
Viagens
Ainda durante o café, Lula e Dilma definiram um calendário de viagens a partir da próxima semana. O giro deve começar por cidades da Região Nordeste, incluindo uma visita da presidenta ao Rio Grande do Norte e a participação do ex-presidente em evento no seu Estado natal, Pernambuco. Analistas apontam que as preocupações do governo incluem a recente perda de eleitores do Nordeste, tradicional reduto de votos do PT.
Nos últimos dias, Dilma passou por Roraima, Maranhão e Bahia. Esse tipo de roteiro pelo País não tem sido muito frequente na agenda oficial da presidenta. Lula, porém, tem estimulado essa estratégia para que Dilma não se torne “mais um elemento da crise”, afirmou a Folha de S. Paulo.
Lula também deve passar por Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral brasileiro e onde o governador petista Fernando Pimentel enfrenta dificuldades por ser alvo de investigação da PF, devido a suspeitas de recebimento de vantagens irregulares de empresas que obtiveram empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no período entre 2011 e 2013, quando Pimentel comandava o Ministério do Desenvolvimento. (Marcello Campos com agências)
