A candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet, disse nesta sexta-feira (26), em entrevista ao Jornal Nacional, que “tentaram puxar” seu tapete no MDB, em referência à oposição que ela teve dentro do partido para confirmar a candidatura. Ela também defendeu políticas para as mulheres e propôs acabar com o que chamou de “presidencialismo de cooptação”.
Logo no início da entrevista, a candidata foi questionada sobre casos de corrupção recentes no país que tiveram políticos do MDB envolvidos. Ela respondeu que o MDB não é só “meia dúzia de seus políticos e caciques”. Disse ainda que “meia dúzia”, de fato, estive envolvida em escândalos de corrupção em governos do PT. Nesse momento, a candidata começou a comentar sobre as dificuldades que teve para ter a candidatura confirmada.
“Aliás, se você me permitir, tentaram puxar meu tapete até pouco tempo atrás. Se tivesse um tapete aqui, eu acho que eu já tinha caído da cadeira também”, declarou Tebet.
Em seguida, ela lembrou que setores do MDB tentaram levar o partido para o apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O que me trouxe até aqui? Tive que vencer uma maratona com muitos obstáculos. Nós tivemos oito candidatos, e eu permaneci. Passou o natal, virou o ano novo, chegou o carnaval, disseram que o partido seria cooptado. Depois, que iria para uma outra candidatura. Tentaram numa fotografia recente levar o partido para o ex-presidente Lula”, disse a candidata.
Tebet, primeira líder da bancada feminina do Senado, também abordou políticas para mulheres. Ela defendeu um projeto para estabelecer salários iguais entre mulheres e homens.
“Se eu virar presidente, o primeiro projeto que eu vou pedir para pautar na Câmara dos Deputados é igualdade salarial, salarial entre homens e mulheres. A mulher ganha 20% menos que o homem exercendo a mesma função, a mesma atividade. Se for negra, se for preta, ela recebe 40% menos. Me explique qual a lógica disso”, afirmou a candidata.
“Presidencialismo de cooptação”
Tebet foi perguntada sobre como lidará, em um eventual governo, com os caciques do MDB que se envolveram em escândalos de corrupção, como o mensalão e o petrolão. A candidata afirmou, se eleita, governará “com a maioria do centro democrático, da frente democrática”.
“Eu não sou mais candidata do MDB. Eu sou candidata do MDB, do PSDB, do Cidadania, do Podemos e de uma legião de pessoas que não querem mais voltar ao passado e muito menos permanecer no presente. Então, diante disso e com esse corpo de pessoas de bem, éticos, honestos, é que nós vamos, ganhando as eleições – se nós ganharmos as eleições –, governar com a maioria do centro democrático da frente democrática”, disse.
Questionada sobre a composição de uma eventual base aliada, disse que exigirá apenas duas características para os indicados para a Esplanada dos Ministérios: honestidade e competência. Mas Tebet reconheceu que membros do MDB se envolveram em grandes esquemas no passado.
Tebet também falou de:
– erradicar a miséria em dois anos, caso seja eleita;
– dar transparência às emendas de relator, chamadas de orçamento secreto;
– aprovar uma reforma tributária que simplifique os impostos sobre o consumo.
A candidata foi a quarta e última entrevistada da série do JN com os candidatos. Antes dela, o candidato à reeleição do PL, Jair Bolsonaro, foi entrevistado na segunda-feira (22); Ciro Gomes (PDT), na terça-feira (23); e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na quinta (25).