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Brasil Em entrevista à imprensa estrangeira, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot disse que já consegue ver o fim da Operação Lava-Jato

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A medida acontece após Janot comunicar ter tido a intenção de assassinar o ministro Gilmar Mendes. (Foto: Reprodução/Agência Brasil)

Em entrevista ao serviço em espanhol da rede norte-americana de TV CNN, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que deixou o cargo no dia 17 de setembro, disse que já é possível ver um fim da Operação Lava-Jato e que as investigações chegaram “à cabeça da organização criminosa”.

Segundo ele, todo o esquema já está desvendado. “Fez-se a luz, que é o melhor desinfetante”, afirmou Janot, sem detalhar quem seriam os líderes da organização.

Como procurador-geral, Janot foi o responsável por duas denúncias apresentadas contra o presidente Michel Temer. Ambas foram barradas mediante votação no Plenário da Câmara dos Deputados.

Na acusação pelo crime de organização criminosa, Janot afirmou que Temer atua como líder de uma quadrilha no PMDB. Temer afirmou, após o Legislativo barrar a tramitação das duas denúncias, que “a verdade venceu”.

Em outra denúncia apresentada por Janot, dessa vez contra políticos do PT por suspeitas do crime de organização criminosa, o ex-procurador também apontou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “importante liderança” do esquema, de janeiro de 2003 até maio de 2016, período que abrange todos os quatro governos do PT.

Lula também foi chamado de “comandante máximo” do esquema de corrupção investigado pela Lava Jato pelo procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do MPF (Ministério Público Federal) que cuida das investigações na primeira instância da Justiça. Lula tem afirmado se tratar de “mentiras” as acusações feitas contra ele.

Sociedade

Na entrevista à CNN, o ex-procurador-geral, que deixou o cargo em setembro, também afirmou que a Lava Jato pertence “à sociedade brasileira” e aos países que também foram afetados por atos de corrupção de empresas brasileiras.

“A Operação Lava Jato não pertence mais ao Ministério Público brasileiro, ela pertence à sociedade brasileira, pertence aos países atingidos por atos de corrupção e suborno praticados por empresas brasileiras”, disse.

Janot, que comandou o Ministério Público Federal de setembro de 2013 a setembro de 2017, apontou como um dos “legados” da Lava Jato a busca por eleições mais limpas.

“Creio que para os políticos o legado é que as eleições devem ser limpas, com financiamento legal. E para o cidadão o legado é: devemos fazer nosso voto de maneira responsável e de maneira consciente”, disse.

O ex-procurador-geral também descartou a possibilidade de vir a se candidatar a um cargo político, ou mesmo de pleitear uma indicação para ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)

“Não tenho nada contra a carreira política, respeito os políticos, mas eu não sou um político. Não quero ser magistrado. Penso em seguir como procurador e voltar a lecionar”, disse.

Moro

Janot não é o primeiro a falar sobre um possível fim da operação. No mês passado, o juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância, também afirmou que as investigações se encaminham para o fim.

“Em Curitiba, a investigação sempre foi sobre os contratos da Petrobras que geraram valores e as pessoas que pagavam (propinas). Grande parte já foi processada. As que recebiam e não tinham foro privilegiado, igualmente. Daí a minha afirmação de que acredito que está indo para o final na capital paranaense”, frisou.

Dias depois, o procurador Dallagnol fez outra avaliação. “Essa afirmação do juiz Sergio Moro, na minha impressão, reflete muito mais um desejo do que a uma realidade”, disse o procurador.

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