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Em experimento de sucesso, rim de porco funciona perfeitamente no corpo humano por 2 meses e aumenta a esperança para transplantes

Esse foi o quinto xenotransplante realizado pela equipe de cirurgiões da NYU Langone Health. (Foto: Divulgação)

Por dois meses, um rim de porco funcionou perfeitamente no corpo de um homem de 57 anos, vítima de câncer que teve morte cerebral detectada. É o caso mais longo documentado de um rim de porco geneticamente modificado funcionando em um corpo humano. O procedimento que envolve o transplante de um órgão animal para um humano é conhecido como xenotransplante.

Em 14 de julho de 2023, o médico Robert Montgomery – professor e presidente do Departamento de Cirurgia e diretor do NYU Langone Transplant Institute – realizou o transplante de um rim de porco geneticamente modificado para o corpo de Maurice Miller, que foi doado pela família para o experimento. Na quarta, 13 de setembro de 2023, o órgão foi retirado.

“Aprendemos muito ao longo destes últimos dois meses de observação e análise atenta, e há grandes motivos para ter esperança no futuro”, disse o Montgomery, em comunicado. “Nada disso teria sido possível sem o apoio incrível que recebemos da família do nosso falecido beneficiário. Graças a eles, conseguimos obter uma visão crítica sobre o xenotransplante como uma solução esperançosa para a escassez nacional de órgãos.”

O estudo foi concluído após atingir a data de término pré-determinada. O homem, que estava em ventilação mecânica, teve os aparelhos desligados e seu corpo foi devolvido à família, conforme sua vontade.

Segundo comunicado da NYU Langone Health, o experimento é o quinto xenotransplante realizado pelo Transplant Institute. Em 25 de setembro de 2021, Montgomery realizou o primeiro transplante de rim de porco geneticamente modificado em um ser humano no mundo. Um segundo procedimento semelhante ocorreu em 22 de novembro de 2021. Cirurgiões da NYU Langone fizeram, ainda, dois transplantes de coração de porco geneticamente modificados em 2022.

O rim usado neste procedimento foi obtido do que é conhecido como porco GalSafe, um animal desenvolvido pela Revivicor Inc., uma subsidiária da United Therapeutics Corporation. Em dezembro de 2020, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA — órgão regulador americano — aprovou o porco GalSafe como uma fonte potencial terapêutica humana, bem como uma fonte de alimento para pessoas com síndrome alfa-gal, uma alergia à carne causada por uma picada de carrapato.

Ao “eliminar” o único gene que codifica a biomolécula conhecida como alfa-gal — que foi identificada como responsável por uma rápida rejeição de órgãos de porcos pelos humanos, mediada por anticorpos — a rejeição imediata foi evitada em todos os cinco xenotransplantes na NYU Langone. Além disso, a glândula timo do porco, responsável pela educação do sistema imunológico, foi fundida com o rim do porco para evitar novas respostas imunológicas posteriores.

Embora os transplantes anteriores de órgãos de porcos geneticamente modificados tenham incorporado até 10 modificações genéticas, este último estudo mostra que um rim de porco com um único gene modificado pode ter um desempenho ideal após dois meses.

Novas descobertas

O tecido coletado durante o estudo apresentou algumas novas alterações celulares que os cirurgiões não haviam observado anteriormente, indicando um processo de rejeição leve que exigia intensificação da medicação de imunossupressão para revertê-lo completamente.

A equipa de investigação irá agora analisar os dados recolhidos nos últimos dois meses e realizar testes adicionais para determinar alterações celulares e moleculares que possam informar os médicos sobre como gerir estes órgãos em estudos futuros. O objetivo é que, em breve, o experimento possa ser feito em seres humanos vivos.

“Para criar um suprimento sustentável e ilimitado de órgãos, precisamos saber como gerenciar órgãos de porcos transplantados para humanos”, explica Montgomery. “Testá-los em um falecido nos permite otimizar o regime de imunossupressão e a escolha das edições genéticas sem colocar em risco um paciente vivo.”

Montgomery espera publicar resultados mais detalhados nos próximos meses, ao mesmo tempo em que prossegue estudos adicionais de xenotransplante em falecidos para tornar futuros ensaios clínicos mais seguros. As informações são do jornal O Globo.

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