Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de outubro de 2023
A família mora em Haifa, terceira maior cidade de Israel.
Foto: ReproduçãoHá cerca de quatro meses, Sabrina Orsi e o marido, o jogador de futebol Felipe Santos, se mudaram para Israel. Ele recebeu uma proposta para atuar no Hapoel Haifa Football Club, time com sede no Norte israelense. O que a família não esperava era que, tão pouco tempo depois, se veria obrigada a retornar ao Brasil por conta do conflito entre o país e o Hamas.
Em entrevista à EPTV, a estudante de Campinas (SP), deu detalhes sobre a rotina em meio às incertezas da guerra. Sabrina conta que ainda não conseguiu retornar para casa e, enquanto tenta uma vaga em um voo da Força Aérea Brasil (FAB), precisa conviver com o medo para consolar o filho de apenas 3 anos.
“Há dois dias interceptaram um míssil vindo do Sul, bem para o centro aqui de Haifa. Foi onde tocou a sirene. Foi assustador. A sirene fica ecoando no meu ouvido. Se eu vejo a sirene tocar em algum vídeo, o coração começa a disparar, a mão começa a suar”, relatou Sabrina nesta terça-feira (17).
“Está ficando um trauma, existe um trauma dentro da gente. Existe um medo dentro da gente. É terrível”.
Sabrina e Felipe moram em Haifa, a terceira maior cidade de Israel, em uma zona portuária. Desde a última semana, o som das bombas e dos caças do exército passaram a fazer parte da rotina. No subsolo da moradia há um bunker, que já foi usado pela família três vezes na tentativa de se proteger das ameaças de ataque.
“É um quarto fechado, não tem muita ventilação, especialmente quando enche com muita gente. Aqui nós utilizamos e estávamos em 12 pessoas. É assustador. Quando você fecha a porta, só torcer para que uma bomba não caia próximo. No terceiro dia, ouvimos explosões, só que a sirene não tocou. Pegou a gente meio desprevenido. Foi uma gritaria”.
Se para um adulto o cenário já assusta, para uma criança não poderia ser diferente. Com apenas 3 anos, o filho do casal já percebe que algo está diferente ao redor, afirma Sabrina. “Nós ficamos na expectativa de que tudo isso precisa acabar o mais rápido possível, porque viver dessa forma não dá”, relatou na entrevista.
“Meu filho de três anos já fala: ‘mamãe, guerra, bomba, fogo’. Isso é assustador para uma criança”. A avó de Felipe, que é uma mulher idosa, conseguiu entrar para a lista de prioritários e deve embarcar nesta quarta-feira (18) no sétimo voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Sabrina e o marido foram orientados a acompanhá-la no embarque, pois, se houver desistência de outros passageiros, podem conseguir uma vaga para voltar para o Brasil.
Porém, a estudante explica que essa não é uma espera tão simples e que há riscos envolvidos nessa incerteza. “Caso não tenha ninguém, não desistam, nós temos que voltar para trás. Fora o percurso, nós temos que ir. Por exemplo, ontem, Tel Aviv estava sendo bombardeado, estavam tentando, até cair um míssil”, detalha.
Se não conseguir, Sabrina espera encontrar uma passagem para embarcar em um voo comercial. Enquanto não acontece, o medo continua.
“Eu estou falando com você, mas estou a todo momento em alerta. Eu não consigo dormir, não consigo ficar em paz, porque existe essa expectativa de ir para o Brasil, mas também colocar a gente para o último voo é preocupante também”.