Os juros cobrados das famílias e das empresas pelos bancos caíram ininterruptamente nos últimos 11 meses, até outubro, segundo a pesquisa mensal da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Anefac (Administração e Contabilidade). Mas, se a queda das taxas tem sido prolongada e tende a continuar, a intensidade do recuo é tímida e só aos poucos é percebida pelos tomadores.
Em média, o juro cobrado das pessoas físicas caiu apenas 0,02 ponto porcentual entre setembro e outubro e ainda está em 7,44% ao mês ou 136,59% ao ano. Essa taxa, embora ainda elevadíssima, é a menor desde novembro de 2015, mostrando que falta muito para que o País possa ter taxas de juros ativas (ou seja, cobradas pelos bancos) comparáveis às internacionais.
Uma das maiores evidências de que os juros continuam elevadíssimos está no fato de que entre setembro e outubro duas modalidades de taxas (empréstimos pessoais nos bancos e nas financeiras) aumentaram. Só as taxas passivas (pagas pelos bancos aos aplicadores) estão mais próximas dos juros pagos em países emergentes.
Nas operações com pessoas jurídicas, a redução de juros ocorreu nas três modalidades de crédito pesquisadas, mas ainda foram, em média, de 65,92% ao ano. É um nível de juros alto o bastante para que as empresas evitem tomar empréstimos nos bancos, por mais que precisem de capital de giro para financiar as operações do fim de ano.
Entre outubro de 2015 e outubro de 2017, a taxa básica de juros caiu de 14,25% ao ano para 7,5% ao ano – e se espera mais um corte na Selic (taxa básica de juros) neste ano, provavelmente para a casa dos 7% ao ano. A taxa média paga aos aplicadores, sem descontar o IR (Imposto de Renda) incidente sobre a remuneração e a taxa de administração, caiu, portanto, a quase a metade.
O diretor de Economia da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, enfatizou que a queda em curso das taxas ativas decorre da diminuição da taxa básica e que novas quedas são esperadas para os próximos meses. Mas seria necessário que as taxas caíssem muito mais: há exatos dois anos, a taxa básica de juros era de 14,25% ao ano e o custo médio dos empréstimos às pessoas físicas era de 7,3% ao mês, inferior ao praticado hoje, quando a taxa Selic é de 7,5% ao ano. A justificativa dos bancos – risco de inadimplência – não justifica juros tão altos.
Cartão de crédito
A taxa de juros média do cartão de crédito caiu de 12,89% ao mês em setembro para 12,84% ao mês em outubro. Já a taxa média dos juros do comércio baixou de 5,61% para 5,56% no período. A taxa média do cheque especial foi de 12,33% para 12,18% e a do CDC-bancos teve queda de 2,09% para 2,07% na mesma comparação.
Pessoa jurídica
No âmbito dos empréstimos tomados pelas empresas, houve queda em todas as três linhas pesquisas pela Anefac.
A taxa de juros média geral para pessoa jurídica caiu 0,05 ponto percentual no mês, passando de 4,36% ao mês (ou 66,88% ao ano) em setembro para 4,31% ao mês (ou 65,92% ao ano) em outubro. É a menor taxa desde dezembro de 2015.