Delegações e ONGs defenderam a 29ª Cúpula do Clima nessa sexta-feira (15) depois que alguns ex-líderes das Nações Unidas disseram que a reunião não era adequada para o propósito. Em uma carta aberta, publicada no meio do que até agora tem sido uma cúpula turbulenta, um grupo de ex-líderes e especialistas em clima disseram que as negociações da COP29, que ocorre no Azerbaijão, precisam ser reformadas.
O negociador-chefe da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), Michai Robertson, disse que a cúpula é a única plataforma onde suas nações podem participar das negociações climáticas. Separadamente, Cat Abreu, diretora do International Climate Politics Hub, declarou que o processo da COP, embora “imperfeito”, é a melhor opção disponível.
“Está claro que a mudança é possível neste processo, e há espaço para feedback construtivo para oferecer ideias para essa mudança. E acho que era isso que se pretendia com esta carta”, ela relatou aos repórteres.
Cientistas e líderes mundiais haviam divulgado uma carta aberta pedindo uma reforma urgente nas negociações do clima. Mais de 20 personalidades listaram 7 pontos necessários para revisar o processo das conferências.
Entre eles, a exclusão de estados petrolíferos como países-sede e a menor influência do setor de combustíveis fósseis. Um relatório divulgado revelou que 1700 representantes da indústria de carvão, petróleo e gás tiveram acesso às negociações em Baku.
Quase 200 países participam da presente conferência, cujo principal objetivo será fixar um valor mais ambicioso para o financiamento de ações climáticas no mundo em desenvolvimento. Atualmente, volume de recursos é de US$ 100 bilhões ao ano, com doações obrigatórias dos países desenvolvidos. Até o momento, houve avanço pequeno nas negociações.
Apesar dos esforços dos negociadores em avançar no tema, o ambiente em Baku mostra-se contaminado por dúvidas sobre decisões do futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a agenda ambiental americana e as posições do país nos fóruns globais. A retirada da delegação da argentina, por ordem do presidente Javier Milei, elevou as incertezas sobre um acordo.
A carta às Nações Unidas foi assinada por mais de 20 especialistas, ex-líderes e cientistas, entre os quais a ex-secretária da Convenção-Quadro das Nações Unidas para a Mudança Climática Christiana Figueres e o ex-secretário-geral das Nações Unidas. Os brasileiros Carlos Nobre, do Rockefeller Foundation Economic Council on Planetary Health, e Ilona Szabó, presidente do Instituto Igarapé e colunista da Folha, também uniram a esse chamado.
O texto argumenta que as COPs tiveram êxito, mas precisam agora de uma reforma. “Está agora claro que a COP não se mostra mais adequada a seu propósito. Sua atual estrutura simplesmente não permite a adoção de mudanças em velocidade e escala exponenciais, o que é essencial para garantir uma aterrizagem climática segura para a humanidade”, sublinha.
“Este fato nos compele a convocar uma reforma fundamental na COP. Precisamos de mudanças da negociação à implementação para habilitar a COP a alcançar os compromissos acordados e assegurar a urgente transição energética e a redução do uso de combustíveis fósseis”, acrescenta.