Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 24 de abril de 2019
Protagonista de uma crise que parece não ter fim, em função de suas críticas diárias ao vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, Carlos Bolsonaro se recolheu em um dos seus locais prediletos: um clube de tiro em Santa Catarina. Desde o último domingo (21), quando Jair Bolsonaro mandou retirar um vídeo em que o escritor Olavo de Carvalho criticava militares, publicado no canal do YouTube do presidente, Carlos se recusa a atender telefonemas do pai. Apesar disso, continuava muito ativo nas redes sociais.
Nesta quarta-feira (24), o filho do presidente havia retornado ao Rio de Janeiro para dar expediente na Câmara de Vereadores, depois dos feriados da Semana Santa e de São Jorge. O Clube e Escola Tiro .38 fica em São José, na Grande Florianópolis, e chegou a ser visitado por Adélio Bispo dos Santos, que esfaqueou Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora (MG). Nesta terça-feira (23), Bolsonaro, por intermédio de uma nota, disse querer um “ponto final” na briga entre o Carlos e Mourão, o que parece não ter adiantado.
Irritação
Fontes próximas ao governo dizem que Carlos não gostou da ordem de Bolsonaro, no sentido de retirar o vídeo de Olavo de Carvalho criticando militares. Irritado com o pai, escreveu: “Começo uma nova fase em minha vida. Longe de todos que de perto nada fazem a não ser para si mesmos. O que me importou jamais foi o poder. Quem sou eu neste monte de gente estrelada?”, disse, se referindo aos militares que integram o governo do pai.
Maia
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), barrou o pedido de impeachment apresentado contra o vice-presidente Hamilton Mourão. O requerimento para afastá-lo havia sido feito pelo deputado Marco Feliciano (Podemos-SP), que é um dos vice-líderes do governo Jair Bolsonaro. A decisão de Maia foi tomada no momento em que Mourão sofre ataques em série de Carlos Bolsonaro, filho do presidente, e da ala do governo alinhada com o escritor Olavo de Carvalho.
O arquivamento do pedido de impeachment foi o primeiro anúncio feito por Maia na sessão desta quarta- feira. O presidente da Câmara disse que “inexiste no direito prático lei que tipifique as condutas” atacadas por Feliciano. “Na ausência de lei em vigor que desempenhe essa função, lançar mão dos dispositivos da lei aplicáveis ao presidente da República para estender-lhe o âmbito da incidência no intuito de alcançar o vice-presidente traduz inadmissível emprego da analogia com propósito incriminador”, afirmou Maia.
Feliciano queria afastar Mourão sob a alegação de que o vice conspira para derrubar Bolsonaro. O deputado elencava como indício o fato de Mourão ter curtido uma publicação em que a jornalista Rachel Shererazade critica o presidente.
Maia negou seguimento ao pedido de Feliciano, apesar de o presidente da Câmara não ser obrigado a tomar decisões sobre requerimentos dessa natureza. Muitos deles permanecem intocados durante os mandatos de presidentes da República, por exemplo. Líderes de partidos de centro chegaram a pedir que o requerimento de impeachment de Mourão fosse submetido ao plenário. As siglas queriam dar uma demonstração de apoio ao vice em meio ao conflito com a ala ideológica do governo. Maia, no entanto, decidiu arquivar o pedido por conta própria.