Segunda-feira, 18 de novembro de 2024
Por Flavio Pereira | 26 de junho de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Em toda a Argentina tem faltado cédulas de pesos no dia a dia, e com frequência bancos e agências de câmbio encerram suas atividades em meio ao expediente, pela falta de dinheiro. O governo Argentino contratou a Casa da Moeda do Brasil para imprimir pesos, e dar conta do volume de cédulas necessários. A confusão começa no câmbio oficial: neste domingo (25), o índice era, no câmbio oficial, de 251 pesos para compra, e 264,50 pesos para venda para um dólar. Mas há o chamado “dólar blue” que é a cotação do mundo real: 490 pesos para compra, e 495 pesos para venda por um dólar. Isso tem feito com que turistas utilizem remessas internacionais para garantirem na Argentina, o saque pela cotação do Dólar Blue, já que nas casas de câmbio a cotação utilizada, é a do dólar oficial. Os argentinos estão proibidos de comprarem dólares nas casas de câmbio.
Alberto Fernández no Brasil: Visita da salvação
Em meio a esta crise econômica sem precedentes na Argentina, o seu presidente, o esquerdista Alberto Fernández, será recebido nesta segunda-feira por seu colega brasileiro Lula. Será a quarta da visita a Brasília desde a posse de Lula. Oficialmente, os dois governos informam que os presidentes de Argentina e Brasil tratarão ‘dos principais temas da agenda bilateral’. Mas, no mundo real, a situação econômica da Argentina é desesperadora, com a inflação no país podendo chegar a 145% e as reservas líquidas internacionais do BC em níveis irrisórios, resta ao governo argentino recorrer à China e ao Fundo Monetário Internacional. Para isso,o presidente Alberto Fernández conta com o apoio – e o aval – do Brasil para levantar empréstimos internacionais. Além do aval, Fernández tentará também obter do presidente Lula um empréstimo emergencial via BNDES, com juros subsidiados e prazo de carência, sob a forma de financiamento a exportações.
Inflação e juros altos
O Banco Central da República Argentina (BCRA) informou em comunicado na semana que passou, que decidiu manter a política monetária. A taxa básica de juros do país, taxa de juro nominal das Letras de Liquidez (Leliq), permanece portanto em 97% ao ano. O índice de preços ao consumidor avançou 7,8% em maio ante abril, com alta de 114,2% na comparação anual. Para efeito de comparação, a inflação brasileira (IPCA) em maio foi de 0,23%, com a taxa em 12 meses ficando em 3,94%. Já a taxa básica de juros (Selic) atualmente está em 13,75% ao ano no Brasil.
Eleições em outubro, na Argentina
Para incrementar a turbulência na Argentina, o país terá eleições presidenciais este ano, e o primeiro turno ocorre em 22 de outubro e o segundo turno será no dia 19 de novembro. O atual presidente, Alberto Fernández, já afirmou que não tentará a reeleição. Pela União pela Pátria, que o elegeu em 2019, há uma disputa entre os pré-candidatos peronistas, mas a expectativa é de que Cristina Kirchner não concorra. O ministro da Economia, Sergio Massa, que já foi o principal opositor da atual vice-presidente Cristina Kirchner, volta agora como pré-candidato à presidência da Republica pelo Kirchnerismo, e tem um desafio fantástico até as eleições. Terá de pagar dívidas ao FMI e compromissos junto a fundos internacionais, que totalizam US$ 7 bilhões. Mas a conta não fecha: hoje, as reservas argentinas teriam apenas U$ 1,96 bilhão. Essa fragilidade tumultua a economia da Argentina.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.