Em conflito com a chanceler alemã, Angela Merkel, sobre a crise gerada pela política migratória, o ministro do Interior, Horst Seehofer, decidiu renunciar ao cargo – disseram à AFP fontes ligadas a seu partido bávaro, a CSU. Seehofer anunciou sua decisão em uma reunião da CSU a portas fechadas, em Munique. Ele também pretende deixar a presidência do partido, membro da frágil coalizão de governo alemã, que inclui o partido de centro direita CDU, de Merkel, e os socialdemocratas (SPD), acrescentaram as mesmas fontes.
Horst Seehofer “quer renunciar a seu cargo de ministro e de presidente do partido”, porque considera que “não tem o apoio” necessário, indicou uma dessas fontes, sem conseguir dizer ainda o que essa decisão implica para o futuro do governo alemão.
Alguns de seus correligionários ainda tentam demovê-lo da decisão. A questão agora é saber se o partido do ministro abandonará, ou não, a coalizão de governo na Alemanha, o que privaria a chanceler da maioria de deputados, afundando o país em uma grande crise política.
Há várias semanas, a CSU pressiona Merkel a aceitar seu plano de rejeitar na fronteira os solicitantes de asilo que já tenham sido registrados em outros países, ou para que alcance acordos europeus que tenham o mesmo efeito.
Neste domingo, completa-se a data-limite imposta pela CSU.
Angela Merkel se opõe às rejeições na fronteira, considerando que poderia criar “um efeito dominó” na Europa.
A chefe do governo alemão obteve, neste domingo à noite, em Berlim, o apoio quase unânime das instâncias dirigentes de seu partido.
Em uma moção, a cúpula rejeitou qualquer decisão “unilateral” nacional para rechaçar os imigrantes e apoiou os esforços da chanceler para negociar soluções europeias sobre a política de asilo.
Migração
As diferenças entre as lideranças dos partidos CSU e CDU sobre o tratamento de refugiados na fronteira alemã geraram uma crise interna que pode levar ao fim do quarto governo de Merkel. A CSU, que existe apenas na Baviera, é aliada histórica da CDU, de Merkel.
Na cúpula realizada em Bruxelas no fim de maio, os 28 países da UE acertaram que os refugiados resgatados no mar serão alojados em centros de recepção (ou “plataformas de embarque”) na Europa. Além disso, avalia-se a possibilidade de abrir centros desse tipo no norte da África.
À margem das deliberações, Merkel acertou com a Espanha e a Grécia agilizar as devoluções de requerentes de refúgio que tenham sido registrados nesses dois países e afirmou ter assegurado o compromisso de outros 14 Estados para acelerar as devoluções.
Ao mesmo tempo, o plano de “plataformas de embarque” fora da UE é rejeitado pelo terceiro parceiro de coalizão em Berlim, o Partido Social-Democrata (SPD), assim como por diversos potenciais candidatos a abrigar os centros de recepção, entre os quais Albânia, Marrocos, Tunísia, Argélia e Egito.