Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 28 de abril de 2025
Batizado de "Fé e Democracia para Evangélicos e Evangélicas", o curso tem como objetivo capacitar filiados do partido para o diálogo com o segmento.
Foto: Ricardo Stuckert/PREm meio à dificuldade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dialogar com o público evangélico, o Partido dos Trabalhadores (PT) faz um aceno de aproximação. Em maio, a Fundação Perseu Abramo, ligada à legenda, promoverá um curso voltado especificamente aos religiosos.
Batizado de “Fé e Democracia para Evangélicos e Evangélicas”, o curso tem como objetivo capacitar filiados do partido para o diálogo com o segmento. Entre os participantes, estarão evangélicos filiados ao PT, como a deputada federal Benedita da Silva (RJ), além de lideranças religiosas.
O movimento ocorre em um dos momentos mais críticos da relação de Lula com os evangélicos. De acordo com a última pesquisa Datafolha, 49% desse público avalia o governo como “ruim” ou “péssimo”, enquanto apenas 19% consideram a gestão “boa” ou “ótima”.
A preocupação é reforçada pelo crescimento contínuo do segmento. Segundo projeções da Mar Asset Management, os evangélicos devem representar 36% da população brasileira já no próximo ano — um dado que acende alerta no Planalto, considerando a tendência do grupo de votar majoritariamente alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas últimas eleições.
Desde o início do mandato, Lula tem buscado aproximações com os evangélicos, ainda sem sucesso. Durante a tramitação da Reforma Tributária, por exemplo, articulou a inclusão de uma ampliação da imunidade tributária para organizações filantrópicas ligadas a templos religiosos.
Apesar dos esforços, a forte influência da direita nas igrejas tem sido mais eficaz, alimentando discursos de que o governo Lula seria contrário aos valores evangélicos. Em resposta, o presidente passou a abordar com mais frequência temas como prosperidade — conceito fortemente associado ao neopentecostalismo — em suas declarações públicas.
Como parte da estratégia, o ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, prepara o lançamento do programa “Prospera Brasil”, voltado a iniciativas de empreendedorismo, uma pauta que ressoa entre o público evangélico.
Para tanto, o curso da Fundação Perseu Abramo irá promover o reconhecimento da trajetória dos evangélicos nas lutas sociais e na construção da democracia brasileira. Também vai incentivar o engajamento militante e político, destacando o impacto das políticas públicas na vida das famílias e das comunidades de fé.
A aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu o pior índice de seus três mandatos à frente do Executivo. Em dois meses, a popularidade registrada pela pesquisa Datafolha caiu de 35% para 24%, no resultado divulgado no começo de fevereiro. Entre os católicos, o governo Lula foi considerado “ótimo ou bom” por 28% — em dezembro de 2024, eram 42%.
A aprovação dele entre evangélicos também diminuiu no período: passou de 26% para 21%. O levantamento entrevistou 2.007 eleitores em 113 municípios do Brasil nos dias 10 e 11 de fevereiro de 2025.
A margem de erro é de três pontos porcentuais para católicos e de seis pontos porcentuais para evangélicos, para mais ou para menos.