Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 18 de dezembro de 2020
País escandinavo registra taxa de letalidade superior à dos vizinhos
Foto: ReproduçãoApesar da adoção de medidas mais rígidas pelas autoridades nas últimas semanas, a Suécia e sua atípica estratégia contra o coronavírus enfrentam novamente grandes dificuldades com a temida segunda onda, que o país nórdico acreditou durante muito tempo que conseguiria evitar.
O rei da Suécia, Carl XVI Gustaf, afirmou em um programa nacional de televisão nesta semana que 2020 foi um ano terrível e que a estratégia do país contra o vírus falhou. Até o momento, o país escandinavo tem cerca de 360 mil casos confirmados e 8 mil mortes decorrentes do vírus. “Acredito que fracassamos”, disse o rei. “Muitas pessoas morreram, é terrível. É algo que nos faz sofrer.”
Serviços de reanimação sob pressão, demanda por reforços de profissionais de saúde qualificados em Estocolmo e taxa de mortalidade até dez vezes superior a dos vizinhos nórdicos: esse foi o resultado da estratégia sueca.
“As autoridades de saúde pública haviam preparado três cenários diferentes. Tomamos como referência o pior, mas a realidade está duas vezes pior do que se temia”, afirmou Lars Falk, diretor da UTI no hospital Karolinska, em Estocolmo. “Devemos fazer ainda mais, sobretudo durante o período de festas de fim de ano.”
“Lamentavelmente, o nível de contágios não diminui. Isto é muito preocupante”, declarou o diretor de saúde da região de Estocolmo, Björn Eriksson, que descreveu uma “pressão extrema sobre o sistema de saúde. Não vale a pena beber algo depois do trabalho, encontras pessoas fora de casa, fazer compras de Natal ou tomar um café: as consequências são terríveis”.
Novas medidas
Sem máscara, fechamento de bares, restaurantes e lojas nem quarentena obrigatória, a Suécia se distinguiu por uma estratégia baseada essencialmente em “recomendações” e poucas medidas coercitivas. Mas diante do aumento expressivo dos casos, as autoridades anunciaram recomendações mais estritas – como encontros apenas com pessoas da mesma residência. No entanto, o não cumprimento dessas medidas não é penalizado.
Ao contrário de uma visão difundida principalmente no exterior, o país escandinavo nunca perseguiu a imunidade coletiva. As autoridades de saúde, no entanto, consideraram por muito tempo que o nível elevado de contaminação permitiria, sem dúvida, conter de maneira mais fácil um ressurgimento da epidemia a longo prazo.