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Em meio a polêmicas, 3 milhões de alunos fazem Enem neste domingo

O prazo vai até o dia 15 de abril. A taxa de inscrição da última edição do exame foi R$ 85. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A primeira prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) será realizada neste domingo (21) para mais de 3 milhões de participantes, o menor número de inscritos desde 2009. A prova é realizada em meio a polêmicas e à debandada de funcionários do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela aplicação do exame.

Mesmo com toda a instabilidade envolvendo a autarquia ligada ao MEC (Ministério da Educação), em audiência na Câmara dos Deputados e também no Senado, o presidente do Inep, Danilo Dupas, garantiu a realização do exame.

Nesta primeira prova, como em edições anteriores, os estudantes devem chegar com antecedência ao local de exame para evitar sustos ou ficar de fora.

A prova começará, pontualmente, às 13h30. Os candidatos deverão responder a 90 questões objetivas de múltipla escolha, sendo 45 questões das disciplinas de linguagens, códigos e suas tecnologias e outras 45 questões das disciplinas de ciências humanas e suas tecnologias, além de escrever uma redação dissertativa-argumentativa.

A partir das 15h30 os candidatos poderão deixar o local de prova, mas sem levar o caderno de questões. Aqueles que saírem antes de duas horas de prova serão desclassificados. A partir das 18h30 é possível sair com o caderno de questões. A primeira etapa do Enem será encerrada às 19h.

No próximo domingo (28), os candidatos terão até as 18h30 para responder a 90 questões, sendo 45 de matemática e 45 de ciências da natureza (química, física e biologia).

Polêmica em 2021

O Enem é a principal porta de entrada para a educação superior no país. A nota é utilizada para ingressar em universidades federais pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), para conquistar uma bolsa de estudos via Prouni (Programa Universidade para Todos) ou um financiamento de mensalidade em instituição privada via o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

A edição deste ano foi marcada por polêmicas, a começar pelo atraso na divulgação do cronograma do exame. O Inep cogitou realizar as provas em janeiro de 2022, mas voltou atrás; no entanto, esta edição tem o menor número de inscritos desde 2009, quando a nota do exame passou a ser usada para o acesso ao ensino superior, com apenas 3.109.762.

De acordo com o edital, os estudantes que tiveram isenção na taxa de inscrição no exame de 2020 mas não compareceram para fazer as provas e não justificaram com atestado médico perderam o direito à isenção da taxa neste ano.

Partidos de oposição e entidades estudantis entraram com uma ação contra a cláusula e, após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), o MEC (Ministério da Educação) abriu novamente as inscrições, mas para atender a esses participantes que perderam o direito de isenção.

Duas semanas antes da realização do Enem, pelo menos 37 servidores pediram demissão do Inep. Os funcionários alegaram falta de gestão da direção da autarquia e assédio moral. O presidente da autarquia, Danilo Dupas, foi chamado à Câmara dos deputados para esclarecer a debandada, argumentou se tratar “de uma questão interna do instituto”, mas garantiu a realização do exame. No Senado, Dupas reforçou que o exame será realizado neste domingo e justificou a demissão em massa como sendo uma questão econômica.

Na última segunda-feira (15), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o Enem “começa agora a ter a cara do governo”. Depois afirmou que não leu as provas do Enem, mas declarou que o “exame era ativismo político e comportamental”. Questionado sobre a afirmação, o vice-presidente Hamilton Mourão declarou que o governo “não mexeu nas questões do Enem”.

Na quarta-feira (17), o ministro da Educação, Milton Ribeiro, compareceu de surpresa e voluntariamente a uma audiência na Comissão de Educação da Câmara. Ribeiro negou que tenha havido algum tipo de interferência nas questões do Enem, como a suposta troca de questões, e justificou a presença de um agente da Polícia Federal na área segura do Inep “como um procedimento de segurança”.

Um grupo de deputados federais protocolou uma ação no MPF (Ministério Público Federal) contra o ministro da Educação e o presidente do Inep que pede investigação por improbidade administrativa. Eles também pedem que quaisquer “agentes públicos eventualmente envolvidos” no “controle ideológico” do Enem sejam punidos. O TCU (Tribunal de Contas da União) abriu investigação parar apurar possíveis irregularidades no Enem e a gestão do Inep. Em despacho, o ministro Walton Alencar Rodrigues manteve Dupas na presidência do Inep para não atrapalhar a realização da prova, mas pediu que as denúncias feitas pelos deputados fossem apuradas.

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