Em meio a críticas sobre a falta de ação contra a disseminação de notícias falsas, o Facebook anunciou mudanças na exibição de reportagens na plataforma. A pressão sobre a maior rede social do mundo tem aumentado por causa da proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, bem como pela onda de protestos contra o racismo depois da morte de George Floyd, que deu origem a uma campanha de boicote publicitário contra a rede social.
Será dada prioridade a reportagens originais, que informem claramente seus autores. Isso será feito, segundo eles, por meio da observação de um grupo de reportagens sobre um determinado tópico, a fim de observar aquelas mais citadas como a fonte original.
Inicialmente, isso só será feito para reportagens escritas em inglês. A regra será estendida a outras línguas, mas ainda não há data prevista.
Tarefa complexa
Eles asseguram que os usuários continuarão a ver em seus feeds as reportagens de empresas de mídia que eles ou seus amigos seguem.
“Quando várias reportagens são compartilhadas por empresas de mídia e aparecem no feed das pessoas, daremos impulso à que for considerada a fonte mais primária, o que vai aumentar sua distribuição”, explicaram Campbell e Levin.
Eles admitem que é complexo definir a fonte originária de uma reportagem e que, por isso, o Facebook vai trabalhar com empresas de mídia e acadêmicos.
Menos caça-cliques
A plataforma também vai reduzir a visibilidade de conteúdo que não apresente informações transparentes sobre a equipe editorial. Para isso, serão revisadas as assinaturas de reportagens e as páginas do veículo com os nomes de repórteres e editores.
“Percebemos que empresas de mídia que não incluem essas informações costumam ter pouca credibilidade para os leitores e produzem conteúdo caça-cliques ou de fábrica de anúncios, conteúdos que as pessoas nos relatam não querer ver no Facebook.”
Uma das críticas da campanha #StopHateforProfit ao Facebook, por exemplo, diz respeito ao fato de a rede social considerar sites como o Breitbart uma “fonte confiável de notícias”. O site é ligado à extrema-direita americana e divulga conteúdo considerado xenofóbico, racista e misógino.
Pesquisa
De acordo com a Bloomberg, citando pesquisa da Federação Mundial de Anunciantes, quase uma em cada três principais marcas planeja suspender gastos com publicidade em plataformas de redes sociais como Facebook, Twitter e YouTube, da Alphabet, devido às políticas dessas empresas sobre discurso de ódio.
Entre as principais marcas, 5% disseram que já suspenderam gastos nessas plataformas, e outros 26% afirmaram que provavelmente o farão, mostra a pesquisa. A federação diz representar 90% dos gastos com marketing global, ou cerca de US$ 900 bilhões por ano. Cerca de 40% das empresas estão indecisas.
Campbell e Levin informam ainda que, para desenvolver esses padrões, consultaram organizações como Trust Project, SOS Support Public Broadcasting Coalition, Global Forum for Media Development e Journalism Trust Initiative, do Repórteres Sem Fronteiras.