Em meio ao caos na política, o Congresso decidiu blindar a economia acelerando a votação de propostas que mostrem ao mercado que o país não está paralisado. O processo é capitaneado pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), mas tem a mão do presidente Michel Temer. Embora enfraquecido, ele decidiu lutar até o fim para se manter no cargo.
Com a experiência de quem foi presidente da Câmara por três vezes e conhece bem os parlamentares, em especial o baixo clero, Temer decidiu submergir para não “contaminar” o andamento das medidas, cedendo protagonismo aos aliados e ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na articulação e na comunicação. O presidente também tem feito concessões que permitam a aprovação das propostas e trabalha em um pacote de medidas microeconômicas para serem anunciadas o mais rapidamente possível.
O Palácio do Planalto já atendeu, por exemplo, a exigências dos parlamentares nas regras do novo Refis e na reforma da Previdência, principal base de sustentação do ajuste fiscal e da política econômica. Além disso, liberou parte do Orçamento para emendas parlamentares.
Temer tem recebido diariamente uma dezena de parlamentares e montou um QG com os deputados Beto Mansur (PRB-SP), Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Carlos Marun (PMDB-MS). Em troca, conseguiu avanços na reforma trabalhista.
Eunício já admitiu a possibilidade de acelerar a tramitação da proposta. Ele não se opôs à eventual aprovação de um requerimento de urgência para que a matéria não passe pela Comissão de Constituição e Justiça. Com isso, o texto seguisse diretamente para o plenário. O presidente do Senado disse fazer questão somente de que a reforma passe pela segunda comissão de mérito, a de Assuntos Sociais — na terça-feira, foi aprovada na de Assuntos Econômicos.
Parlamentares da base admitem que o Congresso assumiu um maior protagonismo enquanto Temer está sendo “bombardeado”, mas ressaltam que ele não está isolado e continua longe de ser uma rainha da Inglaterra. (AG)