Sexta-feira, 07 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de novembro de 2016
Em menos de 24 horas, o Rio de Janeiro presenciou, na Zona Sul da cidade, a prisão pela Polícia Federal de dois ex-governadores envolvidos em escândalos de corrupção. Na quarta-feira, foi Anthony
Garotinho (PR), em meio à Operação Chequinho, que investiga a compra de votos durante a eleição do dia 2 de outubro em Campos, no Norte Fluminense.
Nesta quinta-feira (17), foi a vez de Sérgio Cabral (PMDB), alvo de dois mandatos de prisão preventiva, no âmbito da Lava-Jato, acusado de liderar um grupo que desviou R$ 224 milhões em contratos de obras. Os dois ex-governadores serão encaminhados para o mesmo presídio, Bangu 8.
A propina paga para integrantes da quadrilha comandada pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) foi chamada de “taxa de oxigênio”, de acordo com as investigações do Ministério Público Federal. Ela era responsável por manter o braço do grupo na Secretaria Estadual de Obras. Cabral foi preso na manhã desta quinta-feira (17) na operação Calicute.
De acordo com a procuradoria, o “O2”, como também foi chamado, era destinado ao ex-secretário de Obras, Hudson Braga, também preso na operação da Polícia Federal. A “taxa de oxigênio” era de 1% dos valores dos contratos. Já Cabral recebia 5% dos valores.
De acordo com os procuradores do MPF-RJ, as propinas eram pagas em forma de mesada. A Andrade Gutierrez pagava R$ 350 mil por mês e a Carioca Engenharia, R$ 500 mil a partir do segundo mandato do ex-governo – era R$ 200 mil no primeiro. Os recursos eram repassados de diferentes formas. Parte vinha de contratos fictícios de consultoria por meio do empresário Adir Assad, que repassava os recursos à quadrilha.
Outra parte era repassado em espécie. Cabral tinha como principal operador e controlador do pagamento de propina o ex-secretário de Governo Wilson Carlos, também preso pela PF. Os responsáveis por recolher o valor em espécie eram Carlos Emanuel Miranda e Luiz Carlos Bezerra, também detidos na operação.
De acordo com os procuradores, o dinheiro era coletado em mochilas. Em 14 de outubro de 2008, Miranda viajou a São Paulo exclusivamente para recolher a propina da Andrade Gutierrez, que não tinha os recursos em espécie para repassar à quadrilha de Cabral, sempre segundo informações do MPF.
Já Hudson Braga tinha como operadores José Orlando Rabelo e Wagner Jordão Garcia, responsáveis por coletar a “taxa de oxigênio”. Segundo o procurador Eduardo El Hage, membro da força-tarefa da Lava Jato no Rio, o termo “taxa de oxigênio” foi identificado num e-mail enviado por Alex Sardinha, da construtora Oriente, em que menciona o repasse de R$ 77,8 mil referente a uma fatura paga à empresa. Sardinha teve a prisão temporária decretada.