Sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de abril de 2015
Em novo depoimento prestado nesta terça-feira (28) à Justiça Federal, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que parte dos recursos desviados da Diretoria de Abastecimento foram destinados ao PSDB, ao PT e ao PMDB. De acordo com o delator, esses repasses foram feitos a partir de 2007, quando outros partidos, além do PP, passaram a ter ingerência sobre a área de Abastecimento. “Houve direcionamento pontual para o PSDB, para o PT e para o PMDB. Eu fiquei muito doente no final de 2006, em uma situação extremamente precária de saúde, e nesse período houve uma briga política muito grande para colocar uma outra pessoa no meu lugar”, afirmou Costa na delação.
Não é a primeira vez que o ex-diretor faz denúncias referentes ao PSDB. Ele já havia afirmado que o ex-presidente do partido Sérgio Guerra, morto no ano passado, recebeu propina para que a sigla deixasse de apoiar a CPI da Petrobras, em 2009. A comissão foi criada por iniciativa do PSDB para investigar desvios na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, mas a investigação foi inconclusiva.
Ao longo de mais de seis horas de depoimento em Curitiba (PR), Costa reafirmou que a maior parte das propinas pagas pelas construtoras em obras comandadas pela área de Abastecimento eram endereçadas ao PP por meio de um esquema capitaneado pelo ex-deputado José Janene e pelo doleiro Alberto Youssef. Revelou ainda que, depois da morte de Janene, em 2010, um terceiro operador, indicado pelo PP, passou a compor o esquema.
Costa explicou que, entre 2006 e 2007, foi procurado pelo presidente da UTC, Ricardo Pessoa, e por dois executivos da Odebrecht, Marcio Faria e Rogério Araújo. Os empresários lhe propuseram que as grandes empreiteiras passassem a ter “exclusividade” na execução das obras da Petrobras em troca de propina. Participavam do esquema as empresas do grupo A do cadastro da Petrobras: Odebrecht, UTC, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Galvão Engenharia, OAS, Engevix, Camargo Corrêa, Mendes Júnior e Techint, entre outras. A conversa teria sido a origem do “Clube das Empreiteiras”, cartel formado pelas maiores construtoras do País e que ganhou mais de 80 bilhões de reais em licitações nos últimos dez anos.
“O objetivo era que não houvesse empresas convidadas para as licitações de empresas que não fossem desse grupo. Eu ajudava as empresas que participavam do cartel dentro da Petrobras. Por meio do deputado José Janene e do deputado Pedro Corrêa ficou acertado que seria destinado 1% dos contratos da área de Abastecimento para os entes políticos. Esse valor era médio. Tivemos algumas licitações com valores um pouco menores. A maioria das empresas do cartel era 1%”, afirmou Costa.
O acordo teria vigorado até 2010, quando ele tomou a iniciativa de rompê-lo e chamar outras empresas para participar das licitações. O ex-diretor qualificou a corrupção na área em que dirigia de “a ponta do iceberg”, já que os maiores desvios estariam nas diretorias de Expansão e Óleo e Gás. Costa disse que todo o dinheiro depositado em contas na Suíça em seu nome veio da Odebrecht. De acordo com as investigações, ele recebeu 31,5 milhões de dólares em propina da construtora nos anos de 2012 e 2013.