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Em quatro anos só metade das empresas sobrevive

Os dados foram divulgados pelo IBGE. (Foto: Banco de Dados)

Segundo líderes sindicais, a maioria dos juízes trabalhistas e procuradores do Ministério Público do Trabalho, os empregados são a parte fraca das relações de trabalho, e por isso precisam ser protegidos. Protegidos de quem? Dos seus empregadores, os patrões abomináveis, cujo prazer é infernizar a vida dos seus empregados, com exigências absurdas, salários vis e uma lista completa de vilanias e maldades.

Não deixa de ser uma forma bastante confortável de ver o mundo do trabalho: uma luta entre o bem (os trabalhadores) e o mal (os patrões). O dualismo dispensa qualquer raciocínio e resolve desde logo todos os conflitos. Como todos sabemos, raciocinar exige método, persistência, leitura e tudo isso é muito cansativo.

O que explica as relações do trabalho, portanto, em tal visão, é uma irrefreável propensão dos patrões para esfolar os seus empregados, fazendo-os trabalhar o máximo, pagando o mínimo. Não deixa de ser verdade. Tão verdadeiro (e legítimo) quanto os trabalhadores também querem trabalhar o mínimo e mais confortavelmente e ganhar o máximo.

Ao explorar os seus empregados, os patrões ganham mais, desfrutam de certos confortos, adquirem o carro do ano, moram em boas residências, pagam planos privados de saúde, matriculam os filhos nas melhores escolas, fazem viagens inesquecíveis. Vivem melhor, certo?

Mas se é simples assim, porque os empregados continuam empregados, porque persistem na vida de sofrimento e exploração? Porque não se tornam eles mesmos patrões e passam a usufruir das vantagens do patronato? Não sei que resposta dirigentes sindicais, juízes trabalhistas e procuradores do MPT costumam dar para a questão elementar.

Ignoram aqueles protagonistas que abrir um negócio próprio não é para qualquer um. É preciso constituir capital, cumprir as exaustivas regulações, contratar funcionários, instalar a empresa, fazê-la funcionar. Em 30 dias o novo empresário começa a cair na real: terá de pagar salários, tributos, encargos sociais, trabalhistas e previdenciários, Terá de vender produtos ou serviços, enfrentar a concorrência, tantas vezes predatória e desleal.

Não sabem aqueles protagonistas – e nem querem saber – que uma parcela enorme de todos os empresários trabalha comumente de 12 a 14 horas por dia, mais do que o dobro que qualquer servidor público, muitas vezes sem férias, sem descanso semanal em sábados, domingos e feriados.

Em breve o novo patrão baterá de frente com a dura realidade: nem tudo depende do seu esforço pessoal e capacidade de trabalho. Há as crises cíclicas, os maus governos, os calotes. Há a Justiça trabalhista que lhe consumirá, em ações dos seus empregados, uma parcela valiosa do seu suor, esforço e conta bancária.

Não é por outra razão que após quatro anos só metade das empresas brasileiras sobrevive. Mas dirigentes sindicais, juízes trabalhistas (a maioria) e procuradores do Ministério Público do Trabalho, não estão nem aí para as dificuldades das empresas e dos empresários. Talvez um dia venham a descobrir que sem patrões e empregadores não há trabalhadores para proteger.

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