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Variedades Em que momento os lapsos de memória podem indicar algo sério, como Alzheimer? Especialistas detalham

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Episódios de esquecimento merecem atenção redobrada quando interferem na rotina e na funcionalidade da pessoa. (Foto: Reprodução)

De acordo com o neurologista Paulo Caramelli, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), não é bom lembrar de absolutamente tudo. “O processo de esquecimento leve, eventual, faz parte do desenvolvimento e do funcionamento normal do cérebro”, diz o profissional.

“Você precisa ter uma quantidade limitada de informação para poder agir. Se tenho um pool infinito de memórias, fica até difícil conseguir sair do campo da integração e formar uma resposta”, avalia a geriatra Claudia Kimie Suemoto, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que faz parte do Advisory Council da Alzheimer’s Association International Society to Advance Alzheimer’s Research and Treatment (ISTAART).

Mas, qual é o limite? Afinal, esquecer-se pode ser bastante desagradável e constrangedor. Segundo os especialistas, as principais pistas de que o esquecimento é sinal ou sintoma de que algo não vai bem é quando interfere no funcionamento normal e na autonomia da pessoa, como se esquecer sistematicamente de compromissos importantes. Outro indício: quem está ao seu redor repara que algo parece estranho.

Por que lembramos?

O registro de informações pelo cérebro é um processo bastante complexo e, embora autônomo, é influenciado pela atenção – algumas pessoas têm queixas de memória, quando, na verdade, sofrem de um problema para focar, de acordo com especialistas – e também pela carga emocional atrelada a uma determinada situação. De maneira geral, a memória existe para facilitar nossa vida e também pode ser vista como uma estratégia de sobrevivência.

“Recebemos informações do mundo através da visão, da audição e do contato. No cérebro, elas são processadas e integradas ao que já conhecemos. Sem memória, sempre teríamos que começar do zero, o que é pouco produtivo em termos de sobrevivência”, fala Claudia. Imagine ter que encostar no fogo todos os dias para se lembrar de que ele queima.

Envelhecimento

Segundo os especialistas, com o passar do tempo é esperado que haja um decréscimo leve e sutil da memória, mas em uma intensidade que não afete a autonomia da pessoa. “Quando você olha para testes de memória, que utilizamos para diagnóstico clínico, a pontuação média de uma pessoa de 30 anos é diferente daquela de quem tem 70, 80 anos. Ela é um pouco inferior nos indivíduos mais idosos”, comenta Caramelli.

É válido destacar que o envelhecimento é um processo extremamente heterogêneo. Logo, encontraremos pessoas na média, abaixo dela e até acima, como é o caso dos superidosos que, apesar da idade avançada, possuem a capacidade de memória de uma pessoa 20 a 30 anos mais jovem.

Segundo Claudia, de uma maneira geral, há um declínio usual da função cognitiva, um conceito guarda-chuva que engloba diversas atividades essenciais, entre elas a memória. “O pico da função cognitiva é na terceira década da vida, por volta de 25 a 30 anos. Isso coincide com o máximo de volume cerebral, número de neurônios e interconexões entre eles.” A partir daí, essa estrutura começa a decair.

Duas funções em específico tem uma queda importante e influenciam a capacidade de memória e a autoavaliação sobre ela. Primeiro, temos uma redução da atenção dividida. Em resumo, é o potencial de fazer duas ou mais atividades ao mesmo tempo e direcionar seu foco para elas sem perda de eficiência.

Somado a isso, é esperado um decréscimo na velocidade de processamento. Ou seja, você encontra uma pessoa que conhece, não tão íntima e próxima, mas, se antes o nome viria à mente na hora, agora leva alguns minutos para que isso ocorra. “Essa diminuição da velocidade de recuperação da informação é uma coisa muito comum”, observa Claudia.

“Essas duas funções, que são as mais alteradas durante o processo de envelhecimento, já atrapalham a memória”, destaca Claudia.

A questão é que essas alterações não podem atrapalhar o funcionamento dessa pessoa. Esquecer-se do que almoçou no dia anterior, em geral, não é um problema. No entanto, não se lembrar de que um filho te visitou ontem ou que a neta se casou na semana passada são sinais de alerta. Afinal, são acontecimentos que envolvem carga emocional importante.

“Geralmente, você não se esquece de informações que são relevantes para o seu dia a dia. Esquecer-se sistematicamente de compromissos importantes, de tomar medicação, que está cozinhando com uma panela no fogo, de um trajeto conhecido quando está de carro ou na rua… Isso já é uma situação diferente”, exemplifica Caramelli.

Segundo Claudia, uma perda de memória autobiográfica (seja recente ou tardia), é preocupante. Ou seja, não se lembrar de onde morou há dez anos ou em que escola estudou são situações que devem acender um sinal de alerta. “Porque são memórias muito enraizadas”, justifica a médica.

Além do Alzheimer

De acordo com o estudo Global Burden Diseases, publicado no The Lancet Public Health, a estimativa é de que a incidência de quadros demenciais – o Alzheimer é o principal deles –, triplique no mundo inteiro até 2050.

No entanto, o esquecimento pode ser sinal e sintoma para uma grande variedade de problemas e situações que, às vezes, são reversíveis e temporárias. Os especialistas dão exemplos: Medicações; Abuso de álcool; Problemas de sono; Menopausa; Covid longa; Carência da vitamina B12; Depressão; Hipotireoidismo; Insuficiência renal; Insuficiência hepática; Doença vascular cerebral (AVC); Neurossífilis.

A lista é longa. “Por isso, quando a pessoa perceber sintomas, é preciso procurar atendimento e fazer um conjunto de exames para detectar essas outras causas que não uma doença degenerativa, como Alzheimer”, diz Caramelli.

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