Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de fevereiro de 2025
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira que a guerra na Ucrânia “pode acabar em questão de semanas”, e afirmou que, antes de seu retorno à Casa Branca, “não havia comunicação com os russos”. As declarações foram feitas ao lado do líder francês, Emmanuel Macron, em Washington, que também disse acreditar em uma trégua em breve. O encontro ocorreu em um momento complexo das relações entre os EUA e a Europa, como ficou evidente em votações na ONU nesta segunda-feira.
Antes da reunião com Macron, na Casa Branca, Trump disse aos jornalistas no Salão Oval que o conflito pode “terminar em questão de semanas, se nós formos inteligentes”, mas que, caso isso não aconteça, “continuaremos a perder essas pessoas jovens e lindas”. Para o líder americano, sem um acordo, o conflito iniciado em fevereiro de 2022 “poderia levar à Terceira Guerra Mundial”.
— Posso estar errado, mas acredito que ele [Vladimir Putin, presidente da Rússia] quer fazer um acordo — disse o presidente americano, afirmando que o líder russo “quer acabar com a guerra”.
Pouco depois, em uma entrevista à Fox News, Macron também expressou certo grau de otimismo.
— Primeiro, é necessária uma trégua. Acredito que ela poderia ser alcançada nas próximas semanas — declarou Macron.
Além do cessar-fogo, Trump reiterou que a assinatura de um plano envolvendo as terras raras ucranianas, apontadas como uma forma de compensação pelos pacotes de ajuda militar e financeira a Kiev, está “muito próximo”. O republicano não descartou ainda uma visita do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Washington, em breve.
— Eu me encontrarei com o presidente Zelensky. Na verdade, ele pode vir esta semana ou na próxima para assinar o acordo, o que seria legal, eu adoraria conhecê-lo. Nós nos encontraríamos no Salão Oval — disse Trump. — Então, os acordos estão sendo trabalhados agora. Eles estão muito próximos de um acordo final. Será um acordo com terras raras e várias outras coisas. E ele gostaria de vir, pelo que entendi, aqui, para assiná-lo e isso seria ótimo para mim.
Na quarta-feira passada, Zelensky rejeitou uma versão do acordo, que previa dar aos americanos acesso a 50% das reservas de minerais do país, incluindo as terras raras, cruciais na indústria de alta tecnologia, afirmando que “não poderia vender o Estado”. A negativa serviu de estopim para ataques do republicano, questionando a legitimidade de Zelensky — seu mandato terminou em maio do ano passado, mas a Constituição permite que siga no poder —, e até com uma acusação de que seria “um ditador”.
Nesta segunda-feira, um repórter perguntou a Trump se ele usaria o mesmo adjetivo para o presidente russo, Vladimir Putin, no poder há 25 anos. O presidente foi evasivo.
— Não uso essas palavras levianamente. Vamos ver o que acontece — afirmou Trump. — E você sabe, você está falando sobre a Europa, e você está falando sobre a Ucrânia como parte de toda essa situação, o outro lado também tem muito apoio.
Macron, por sua vez, buscou uma posição mais conciliadora, mas nas entrelinhas deixou claras as diferenças entre os dois lados do Atlântico. Ao mesmo tempo em que chamou Trump de “amigo pessoal”, com quem “trabalha muito bem”, corrigiu o líder americano em alguns momentos, como sobre a responsabilidade pela guerra: na semana passada, Trump disse que a Ucrânia foi a responsável pela invasão russa.
— Essa [guerra] é de responsabilidade da Rússia, porque o agressor foi a Rússia — declarou Macron.
O líder francês afirmou que os europeus estão preparados para fornecer garantias de segurança à Ucrânia, incluindo o envio de tropas, caso um cessar-fogo seja assinado. Trump respondeu de forma evasiva quando questionado sobre como os EUA participariam do pós-guerra, mas disse que Putin “estaria de acordo” com uma força internacional em solo ucraniano.
França e Reino Unido defendem a formação de uma força de paz, mas há pouco consenso entre os países europeus. Muitos veem as discussões como “prematuras” e questionam como os EUA participariam de uma ação do tipo.
Em entrevista coletiva após a reunião, Macron reiterou o compromisso europeu com a construção da paz na Ucrânia, mas declarando que “ninguém neste mundo quer viver em um mundo onde a lei é a do mais forte e as fronteiras internacionais podem ser violadas de um dia para o outro”, expressando certa preocupação com um plano que exclua os interesses ucranianos.
— Nós temos o mesmo desejo, a paz o mais cedo possível — disse Macron. — Mas a paz não deve significar um cessar-fogo sem garantias. Esta paz deve permitir a soberania ucraniana e permitir que a Ucrânia negocie com outras partes interessadas em relação às questões que a afetam. Para os europeus, é uma questão existencial. As informações são do portal O Globo.