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Universidade Federal de Santa Maria cria espaço para vítimas de violência de gênero

Casa Verônica deverá entrar em funcionamento em cerca de dois meses, disponibilizando serviços nas áreas de Direito, Psicologia e Assistência Social. (Foto: UFSM/Divulgação)

Verônica Oliveira, conhecida como Mãe Loira, tinha 40 anos quando foi assassinada a facadas no centro de Santa Maria, na região Central do Estado, na madrugada de 12 de janeiro de 2019. Morta devido à LGBTfobia, Verônica tinha uma casa de acolhimento para pessoas da comunidade LGBTQIA+ que eram também vítimas de preconceito em suas casas. Tendo em vista tantas lutas importantes travadas por Mãe Loira, o Observatório de Direitos Humanos (ODH), da Pró-Reitoria de Extensão (PRE), apresentou um novo espaço que leva o seu nome: a Casa Verônica, situada na sala 204, nos fundos da Biblioteca Central da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria). A apresentação contou com a presença da vice-reitora, Martha Adaime, e representantes das comunidades acadêmica e externa.

O espaço multiprofissional é um serviço criado pela Política de Igualdade de Gênero da Universidade. Sancionada em novembro de 2021, conforme a Resolução UFSM N. 064, a política busca promover a igualdade de gênero na UFSM por meio de mecanismos institucionais. Por meio dela foi instaurado o Comitê de Igualdade de Gênero, composto por docentes, técnico-administrativos educacionais, discentes e comunidade externa, como representantes de movimentos sociais da cidade.

A professora do Centro de Educação (CE) Márcia Paixão comenta que uma das ações do comitê é o monitoramento de projetos já existentes sobre o assunto produzidos no campus e a integração destes, assim como também, agora, a articulação nas atividades da Casa Verônica. “Temos muitas iniciativas acontecendo aqui no campus e precisamos deste espaço para juntar tudo isso e fazer com que, de fato, a promoção da igualdade e a justiça de gênero possam acontecer”, afirma.

A servidora técnico-administrativa Bruna Denkin, encarregada da administração da Casa Verônica e da implantação da Política de Gênero, conta que os serviços serão voltados aos três eixos do Programa de Política de Igualdade de Gênero: educação, responsabilização e assistência. “Na parte de educação temos por objetivo desenvolver ações de divulgação de educação em relação às questões de gênero, como, por exemplo, rodas de conversa e palestras. Na parte de responsabilização, a ideia é trabalharmos articulados com os setores apropriados da Universidade para pensar como proceder em casos de violência de gênero. E a parte de assistência, que é a principal atividade da Casa, há de ser composta por uma equipe multiprofissional, onde serão contratados advogada, psicóloga e assistente social para dar apoio, orientação jurídica e psicossocial para pessoas em situação de violência de gênero”, complementa.

As responsáveis trabalham agora visando à implementação dos serviços na Casa Verônica. Bruna relata que o prazo de entrega para o funcionamento do espaço é de no máximo dois meses. A equipe está em contato com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) para a contratação de profissionais das áreas de Direito, Psicologia e Assistência Social. Os interessados podem entrar em contato para cadastro na Fundação, necessitando ser uma pessoa jurídica.

Memorial para Verônica e roda de conversa

A denominação do novo espaço multiprofissional da UFSM foi escolhida pela comunidade. Foram recebidos mais de 1.500 votos, sendo 40% para Verônica. Agora o Observatório de Direitos Humanos está com uma campanha para resgate da trajetória e manutenção da memória de Verônica. A ideia é produzir um memorial com fotos com ela junto a pessoas que fizeram parte da sua caminhada. As imagens podem ser encaminhadas pelo e-mail casaveronica.pre@ufsm.br.

Após a apresentação da Casa Verônica, ocorreu uma roda de conversa sobre gênero e a memória de Verônica, com pessoas influentes da luta feminista, no Espaço de Convivência da Biblioteca Central.

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