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Brasil Em sua estreia no sistema de cotas, universidade enfrenta 140 denúncias de fraudes

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A Unicamp é uma das maiores universidades do Brasil. (Foto: Reprodução/Twitter)

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), uma das maiores do Brasil, após adotar, pela primeira vez, cotas étnico-raciais em seu vestibular, no ano passado, se vê diante da suspeita de que 140 estudantes teriam fraudado seu sistema de ações afirmativas. A denúncia é da ONG Educafro, que criou uma ouvidoria para receber as suspeitas e encaminhá-las à universidade. As informações são do jornal O Globo.

Segundo Frei David, diretor-presidente da ONG, as suspeitas de irregularidades no sistema de cotas raciais foram denunciadas por alunos da própria Unicamp e lideranças da Educafro após a universidade liberar uma lista com os nomes de quem se valeu das ações afirmativas.

No mês passado, o religioso e lideranças do movimento negro se encontraram com o reitor da universidade para discutir a situação.

“A Unicamp aceitou criar uma comissão emergencial para apurar em 60 dias as 140 denúncias”, diz Frei David. “Além disso, a universidade está aberta para outras denúncias que podem chegar durante esse processo. Em março, outra comissão já havia sido criada para avaliar se dois estudantes entraram irregularmente na universidade. Após análises, ambos os processos foram arquivados.”

O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, diz que já encaminhou as suspeitas para a Procuradoria-Geral da universidade, e confirma a criação de um grupo interno para analisar as acusações.

“As denúncias foram baseadas em perfis de rede social. Não diz quem fez nem o que as motivou. A gente está vendo do ponto de vista jurídico como proceder e verificar se elas têm qualquer tipo de validade.”

Neste primeiro ano do sistema de cotas étnico-raciais, a Unicamp ofereceu 25% das 3.340 vagas a essas cotas — embora desde 2004 a universidade tenha uma bonificação para candidatos negros , indígenas ou vindos de escolas públicas, apenas no vestibular de 2019 ela passou a reservar vagas para esses segmentos. Para ter acesso à reserva de vagas, o estudante precisou assinar uma declaração no ato da matrícula confirmando ser negro ou pardo.

Segundo a universidade, entre os aprovados havia, “no mínimo, 25% de estudantes autodeclarados pretos ou pardos em praticamente todos os cursos”. Caso seja comprovada a fraude, a universidade afirma que a matrícula do estudante pode ser cancelada a qualquer momento.

Bancas de identificação

O reitor afirma ainda que a criação de uma banca de identificação étnica para os próximos vestibulares será estudada internamente. Pelo menos 18 universidades federais já contam com bancas do tipo.

Frei David diz que as redes sociais são apenas um dos instrumentos para analisar as características físicas dos suspeitos, mas não devem ser o único. Ele defende a utilização de bancas para analisar se os candidatos de fato têm traços negroides.

Nelson Inocência, professor de artes visuais da UnB (Universidade de Brasília) e membro do Neab (Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros), afirma que as bancas são essenciais para combater irregularidades. E discorda das críticas de que estabeleceriam um tribunal racial.

“Não estamos ali para julgar ninguém nesse sentido. Até porque muitas pessoas são afrodescendentes, mas não têm fenótipo negro”, explica.

A estudante de pós-graduação Jordana Barbosa, do Núcleo de Consciência Negra da Unicamp, amplia o debate sobre racismo.

“Mesmo que (o fraudador) carregasse o avô (negro) nas costas, essa pessoa continuaria sendo branca, e as portas continuariam abertas para ela”, afirma.

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https://www.osul.com.br/em-sua-estreia-no-sistema-de-cotas-universidade-enfrenta-140-denuncias-de-fraudes/ Em sua estreia no sistema de cotas, universidade enfrenta 140 denúncias de fraudes 2019-06-10
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